PM culpa organização de Marília Mendonça por arrastões e agressões: 'com segurança não se brinca'

Renata Evangelista
Publicado em 08/10/2019 às 12:25.Atualizado em 05/09/2021 às 22:07.
 (Marília Mendonça/Instagram/Reprodução)
(Marília Mendonça/Instagram/Reprodução)

Se por um lado o show surpresa da cantora Marília Mendonça em Belo Horizonte fez a alegria dos fãs da sertaneja, por outro deixou um rastro de violência - foram registradas 46 ocorrências e 14 pessoas acabaram presas. Nesta terça-feira (8), a Polícia Militar responsabilizou os organizadores do evento pelo caos que se formou na Praça da Estação, local que recebeu a apresentação.

De acordo com o porta-voz da corporação, major Flávio Santiago, os organizadores do show omitiram que a apresentação seria da "rainha da sofrência" e subestimaram o público. Sem essas informações cruciais e sem tempo suficiente para planejar a segurança do evento, o policiamento não foi suficiente para atender às 50 mil pessoas que acompanharam o show, segundo o major.

Com a segurança inadequada, a praça foi palco, além da apresentação de Marília Mendonça, de lesões corporais, tráfico de drogas e furtos. Vários arrastões foram contabilizados e, dos presos, pelo menos cinco teriam relações com esse crime. Além disso, duas pessoas foram esfaqueadas.

A PM disse que vai notificar o Ministério Público para que o órgão tome as medidas cíveis e criminais necessárias. “Com segurança não se brinca”, enfatizou o major Flávio Santiago.

Em nota a cantora lamentou a situação e disse que "o projeto é uma maneira de retribuir ao seu público, através do show gratuito, o carinho que recebe dos fãs". Com relação a segurança do espetáculo, a equipe da sertaneja disse que comunicou as autoridades locais, solicitou segurança no local e contratou mais de 100 seguranças privados.

Sem dados

A polícia informou que a organização do show protocolou um pedido para a realização do evento no último dia 3 de outubro. No documento, havia apenas a menção de que seria gravado um documentário, sem citar que se tratava do projeto "Todos os Cantos", em que Marília percorre as capitais brasileiras para a gravação de um DVD. No ofício, o público estimado era de 20 mil pessoas.

O pedido foi negado, já que a Praça da Estação tem capacidade para comportar um público máximo de 15 mil pessoas. No mesmo dia, de acordo com Santiago, os organizadores refizeram o ofício, desta vez com público compatível com o espaço. A autorização foi concedida sem, contudo, ter conhecimento de que o espetáculo seria de Marília Mendonça.

De acordo com Santiago, a PM tomou conhecimento de que a cantora seria a atração pelas redes sociais. Só então os organizadores teriam admitido que o evento seria surpresa.

Planejamento

A PM explicou que teve pouco tempo para agir e montar um esquema de segurança adequado para o show. "A situação só não foi pior por causa da integração entre PM e a prefeitura. Pessoas poderiam ter sido pisoteadas", ponderou o porta-voz da corporação.

Ele garantiu que o show só não foi embargado por causa dos transtornos que poderiam ocorrer com essa decisão - como a revolta do público e a depredação da praça. “Se vetássemos, teríamos, por conta das redes sociais, que lidar com pessoas indo até o local como forma de protesto. Massas insatisfeitas que por nossa experiência poderiam promover quebradeiras”, explicou..

"Não somos contra grandes eventos em BH, o que não dá para acontecer é uma irresponsabilidade dessa", frisou. Ele lembrou que a cidade está preparada para receber grandes shows, como no Carnaval, que tem público de até 500 mil pessoas. "Já estamos fazendo o planejamento do Carnaval para que a festa aconteça sem problemas", disse.

major flávio santiago
PM apresenta  documento que foi protocolado pela organização do evento

Mais rigor

Após os transtornos com o show de Marília Mendonça em BH, os órgãos públicos vão mudar algumas regras para liberação de eventos. Até então, os organizadores tinham que pedir autorização com um prazo de dois dias. Agora, esse período será ampliado para 10.

O subsecretário municipal de fiscalização José Mauro Gomes disse que equipes da PBH vão vistoriar a Praça da Estação para levantar os danos provocados no espaço e, dependendo da situação, os organizadores poderão ser cobrados para fazer os reparos.

Defesa

Por nota, Marília Mendonça lamentou que "esse tipo de situação tenha se tornado rotineira em eventos, pagos ou não, que acumulam um grande número de pessoas no Brasil". Confira a íntegra do comunicado:

- O projeto "Todos Os Cantos" consiste em fazer surpresa aos fãs de uma determinada cidade. A cantora chega em um local previamente organizado pela produção e realiza um show gratuito.

- A surpresa é para o público. Todas as autoridades locais são previamente avisadas e as autorizações solicitadas aos órgãos de segurança local, que libera o alvará para a realização do evento.

- Em cada cidade é feita uma estimativa de público, que dependendo do local, pode ser maior ou menor. Em Belo Horizonte, além das equipes da Policia Militar e da Guarda Civil, a produção da cantora contratou um contingente de mais 100 seguranças privados, além de seguir todas as orientações das autoridades locais.

- Marília lamenta profundamente os fatos relatados e reforça que o projeto é uma maneira de retribuir ao seu público, através do show gratuito, o carinho que recebe dos fãs. A cantora lamenta ainda o fato de que infelizmente, esse tipo de situação tem se tornado rotineira em eventos, pagos ou não, que acumulam um grande número de pessoas no Brasil.

Todos os cantos

O “Todos os Cantos” é um projeto idealizado pela própria cantora, que pretende gravar uma música inédita em cada capital brasileira. Marília sempre aparece na cidade de surpresa, panfletando nas principais ruas e faz a própria divulgação nas redes sociais. Em BH, ela apresentou e gravou a música "Graveto".

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