Polícia Civil abre inquérito para apurar cartaz que faz apologia à violência contra mulher

Gabriela Sales
gsales@hojeemdia.com.br
25/08/2017 às 17:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:16
 (Polícia Civil/Divulgação)

(Polícia Civil/Divulgação)

A Polícia Civil em São João Del Rei, no Campo das Vertentes, quer saber quem é o responsável pela confecção de um cartaz que faz apologia à violência contra mulher, afixado em uma república de estudantes na cidade. A corporação abriu um inquérito para apurar o caso depois que ele ganhou as redes sociais.

A imagem do cartaz foi publicada nas redes sociais na última terça-feira (22) e causou revolta entre os alunos da Universidade Federal de São João Del Rei. “Vamos identificar o autor das informações e também onde foi afixado e se alguém cometeu algum crime. A retirada do cartaz não suspende a investigação aberta”, explica o delegado regional Marcos Atalla.

Segundo o delegado, se ficar comprovado que houve apologia ao crime, o responsável pode responder pela ação. “A confirmação do incentivo ao ato é configurado crime”, completa. Caso haja alguma vítima, a Polícia Civil informou que poderá ser aberto um inquérito policial na Delegacia Especializada de Mulheres.

O “ informativo” aborda direitos e deveres dos moradores do imóvel. As “orientações” aparecem em forma de artigo e citam coisas como “não tenha escrúpulos, seja cafajeste” ou mesmo “nunca se deve bater em uma mulher. Ela pode gostar”.

Por causa da polêmica, os responsáveis pela república se manifestaram pelo Facebook. “Erramos por um dia ter colado este cartaz numa parede dentro da nossa casa. Erramos por ter convivido tanto tempo sem nos incomodar com o conteúdo deste cartaz de conteúdo machista. Temos família, esposas, namoradas, irmãs, mães e filhas. Não gostaríamos que elas fossem tratadas da forma como aquele cartaz sugere".

A Polícia Civil apreendeu o cartaz no momento em que os estudantes queimavam o informativo.

Repercussão

Em nota, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição repudiou a atitude. “O cartaz divulgado estimula um crime contra a dignidade sexual, previsto no artigo 215 do Decreto-Lei no 2.848 do Código Penal: 'Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima'. Cartazes como esses legitimam e perpetuam a violência de gênero, que mata mulheres todos os dias no Brasil e no mundo. Isso não é uma brincadeira, isso não é engraçado, isso é crime”.

A Universidade Federal de São João Del Rei também condenou a ação. Em nota, a universidade disse que “com o objetivo de criar e desenvolver medidas de prevenção a diversos tipos de assédio e ao suicídio, a UFSJ, por meio da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFSJ (Proae) discute, promove ações e realiza campanhas nessa direção. Em respeito à vida e à diversidade, a UFSJ promoverá, a partir do mês de setembro, rodas de conversa, palestras, atividades lúdicas e campanhas de conscientização, para as quais serão convidados os diversos grupos estudantis e coletivos sociais da instituição. A programação será divulgada na página da Universidade e, desde já, todas e todos estão convidados a participarem dessas discussões no intuito de construirmos coletivamente condições de igualdade para toda a comunidade".

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