Crime que desafia as forças de segurança em Belo Horizonte, o roubo de fios de cobre esconde um esquema que vai muito além do delito cometido na rua, com os estragos em postes e outros equipamentos públicos. Mais do que prender quem faz a retirada do material, é preciso ir atrás dos receptadores, que mantêm ativo o comércio irregular. Ciente dessa necessidade, a Polícia Civil tem adotado uma nova estratégia.
O foco é ir atrás dos vendedores e também dos compradores. Uma equipe especializada em crimes virtuais tem feito varreduras em plataformas digitais na tentativa de encontrar anúncios sobre a venda do produto. O trabalho começou há três meses. Na semana passada, um homem foi preso com 300 quilos de fios de cobre e chumbo.
“Foi a primeira grande ação dessa nossa equipe especializada. Mostra que estamos no caminho certo”, diz o delegado Alessandro Santa Gema, titular da 4ª delegacia da Polícia Civil em BH. Segundo ele, quando um suspeito é localizado, os agentes iniciam a investigação e estudam uma possível abordagem – como, por exemplo, forjar uma compra.
Conforme o delegado, os receptadores se aproveitam da situação de vulnerabilidade social de quem comete o furto. O policial explica que esse ladrão é, na maioria das vezes, um morador de rua ou um dependente químico. "Ele não vende para lucrar, mas sim para sobrevivência, para garantir o próprio vício. Então, temos que dar alternativas para que ele possa tratar a dependência”, afirma Alessandro Gema. A pena para o crime varia de 4 a 8 anos - se for enquadrado como furto qualificado.
Nos últimos dias, o Hoje em Dia tem mostrado que o roubo de cabos tem crescido. No ano passado, o aumento foi de 15%, segundo dados da Conexis Brasil Digital, entidade que reúne as empresas do setor. O volume de cabos subtraídos subiu de 4,7 milhões de metros em 2022 para 5,4 milhões. Somente em 2023, 7,6 milhões de pessoas no Brasil ficaram sem acesso à telefonia e à internet.
Por nota, a Polícia Militar informou que ações de prevenção e repressão qualificada são realizadas em toda a capital. Medidas específicas têm sido adotadas “em relação aos citados crimes, visando mapear, monitorar e identificar os autores, o combate a receptadores, além do aumento do patrulhamento preventivo e intensificação das operações”. A PM informou que “cotidianamente” realiza prisões de autores. Além disso, reforça que as vítimas façam o registro do Boletim de Ocorrência, acionando a corporação por meio do telefone 190.