Três homens foram presos, nesta sexta-feira (29), suspeitos de vender alvarás de terrenos sem edificação em Belo Horizonte. Um deles, de 46 anos, é fiscal concursado da prefeitura de BH. Os outros dois, de 41 e 33, fingiam ocupar a função. Eles negam os crimes.
Até o momento, a Polícia Civil identificou pelo menos sete terrenos negociados por eles. O primeiro relato de vítima data de 2016. Os valores cobrados giravam em torno de R$ 100 mil.
Conforme a delegada Cristiana Angelini, os alvos eram famílias de baixa renda, que ocupavam terrenos do município, Estado e também privados. “Cada um tinha uma função. O funcionário da prefeitura tinha informações privilegiadas, outro é formado em direito e se apresentava como advogado, o que passava certa confiança. Após o pagamento, eles levavam os documentos, que, no entanto, eram falsos”, explica.
Ainda conforme a delegada, os locais tinham usos diversos, desde moradia a sedes de empresas e uso para plantações. A primeira vítima procurou a polícia em 2017. “Depois de receberem os documentos, eles decidiram construir no local, que era usado pela família há mais de 40 anos. Com o embargo da obra, descobriram que os documentos eram falsos”, conta.
As negociações foram feitas principalmente nos bairros Minas Caixa, São Gabriel e Santa Inês. Os investigadores acreditam que existam mais vítimas e pedem que as pessoas procurem delegacias da Polícia Civil.
Outros 10 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na operação que recebeu o nome “Barba de Bode”. Na casa dos suspeitos foram encontrados coletes da PBH, distintivos, uma arma, computadores e celulares.
Investigação
O objetivo inicial da investigação era uma organização criminosa que atuava vendendo terrenos públicos na região Nordeste. Com o avançar da apuração, no entanto, descobriram o grupo que fazia ocupações irregulares, e facilitava serviços públicos, além de atrapalhar fiscalizações da PBH.
A expectativa da polícia é de que outras pessoas envolvidas nos crimes sejam identificadas e presas. Os três detidos nesta sexta foram encaminhados ao sistema prisional e vão responder por crimes como estelionato, grilagem, associação criminosa e falsificação de documento público.
Nenhum dos presos tinha passagem pela polícia. O funcionário da prefeitura, no entanto, já era investigado internamente por má conduta. Ele era suspeito de avisar a donos de comércios, em troca de dinheiro, quando ocorreriam fiscalizações.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) foi procurada e informou que recebeu em 2018 uma denúncia de venda irregular de terreno público envolvendo um servidor da PBH. "Está aberto procedimento administrativo pela Corregedoria Municipal, que atua em colaboração com a Polícia Civil", conclui o texto divulgado pelo executivo.
(Mariana Durães )
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