Em paralisação desde segunda-feira, as forças de segurança em Minas deram um “ultimato” ao governador Romeu Zema (Novo) para ter até amanhã uma resposta sobre as reivindicações de recomposição salarial. Caso não consigam um retorno, ameaçam “endurecer” o movimento, que já impacta serviços em todo o Estado – ontem, por exemplo, quem precisou levar o veículo para vistoria no Detran-MG, na capital, teve que esperar três horas para ser atendido. A pressão sobre o Executivo, em pleno ano eleitoral, aumenta com o anúncio de greve feito pelos servidores do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER-MG) e a aprovação de paralisação dos funcionários do Ipsemg em 8 de março.
Segundo Wemerson Oliveira, diretor da Federação Interestatual da Polícia Civil (Feipol Sudeste), a correção salarial exigida é de 37,75%. Ele explica que as categorias da segurança chegaram a este índice descontando o reajuste de 13% que tiveram em 2020, sobre a perda inflacionária calculada de 2015 a 2021, que chega 50,75%.
Um acordo fechado com o governador em 2020 previa que os servidores da segurança recebessem três reajustes: 13% em 2020, 12% em 2021 e mais 12% em 2022. Apenas a primeira parcela foi paga.
O deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB), membro efetivo da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) e principal interlocutor das forças de segurança, disse ao Hoje em Dia que Zema tem até as 17h de sexta para protocolar na Assembleia a proposta de recomposição salarial reivindicada por bombeiros, policiais civis, militares e penais ou o movimento recrudescerá as ações.
“Esperamos uma resposta até as 17h do dia 25. E que o governador não nos mande uma proposta de reajuste de 10,7% ou associada à aprovação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), porque as forças policiais reagirão com um endurecimento da paralisação”, afirmou o parlamentar.
Ouvido pela reportagem, o vice-presidente do Sindicato dos Policiais Penais de MG, Wladmir Dantas, afirmou que a categoria aguarda a chance de falar com o governo.
“Estamos esperando pela possibilidade de dialogar com o Zema. Enquanto isso, a população acaba sofrendo as consequências da paralisação”, disse.
Nas redes sociais, Romeu Zema afirmou ontem que está “avaliando condições” para atender os policiais mesmo com dificuldades nas contas do Estado.
Na terça-feira, o governador, o secretário de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco; comandantes da PM e do Corpo de Bombeiros; o chefe da Polícia Civil; além de outros membros do Estado e das forças policiais se reuniram para debater o reajuste.
O resultado da reunião não foi divulgado, mas foi informado que uma agenda prioritária para discutir a recomposição salarial das forças de segurança foi estabelecida no Estado.
A reportagem procurou entidades representativas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, mas não obteve resposta. O Estado informou que não comentará a fala do deputado Sargento Rodrigues.
Efeito cascata
Outras categorias também reivindicam aumento de salários. Caso do DER-MG, que pede reajuste de 27% e aumento de 55,5% na ajuda de custo.
Já no Ipsemg, os pedidos são de recomposição salarial, aprovação do plano de carreira e incorporação da ajuda de custo ao salário-base. O sindicato afirma que os servidores do instituto estão há anos sem qualquer tipo de reajuste.
Em nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) informou que o governo de Minas ainda não foi notificado formalmente a respeito da greve no DER-MG e que “continua aberto para o diálogo”.
Já a administração do Ipsemg diz reconhecer os pleitos da categoria e se manter “aberta ao diálogo”. E que “o momento de enfrentamento à pandemia requer de todos o compromisso com a qualidade da assistência aos beneficiários”.
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