(André Brant)
Da universidade para o mercado de trabalho em um pulo. É o que prometem os cursos superiores superespecíficos. A ideia é em um curto espaço de tempo, menor do que o habitual, de quatro a cinco anos, formar um especialista, apto para atuar em áreas extremamente direcionadas. Mas fique atento: a opção pela formação mais exclusiva deve ser certeira. Para o candidato indeciso, a recomendação ainda é a boa e velha graduação tradicional.
Em Belo Horizonte, uma série dessas apostas vêm pipocando nas instituições de ensino. Uma delas é a graduação em Gestão Hospitalar, pela universidade Estácio de Sá. A oportunidade, que forma o profissional chamado tecnólogo, fisgou Sueli Lopes Passos, de 41 anos, que já trabalhava na área, mas viu na oportunidade a chance de refinar o currículo.
Hoje, a professora do mesmo curso na instituição onde estudou e administradora de uma clínica médica avalia positivamente a trajetória acadêmica. “A grande vantagem é ter professores que já estão no mercado, aprender o que realmente será aplicado e em pouco tempo. Sem dúvida, é uma boa pedida para quem já sabe o que quer”, observa.
APOSTA ACERTADA
Na avaliação da consultora organizacional e coach Mirta Rocha, a opção é ideal para quem não quer investir tempo nem dinheiro demais em qualificações posteriores, como pós-graduações e mestrados. “O estudante sai com uma bagagem muito maior do que aquela obtida na graduação generalista, sai pronto para o mercado. É uma aposta acertada para quem está decidido”, acentua.
Com pouco tempo disponível e vontade de sobra de brilhar na profissão, o fiscal de obras Sandro Luís da Conceição, de 36 anos, apostou no curso de construção de edifícios e se deu bem. Seis meses depois de pegar o diploma já ocupa uma posição de destaque em uma empresa de construção civil da capital. “Sempre me interessei muito por obras e queria fazer um curso superior, mas que fosse mais rápido e que me desse um retorno, de certa forma, imediato. Estou muito satisfeito com o resultado”, afirma.
Opinião que compartilha o engenheiro civil José Alexandre Dell’Isola, professor do curso, no UniBH. “São cursos voltados para quem é da área e quer melhorar ou para quem busca uma chance ou recolocação".
Proposta pedagógica voltada para o mercado
Muito mais do que a carga horária reduzida – em média três anos de duração –, os cursos superiores superespecíficos formam profissionais preparados para entrar no mercado. O que muda, em relação às graduações convencionais, é a proposta pedagógica. A avaliação é do coordenador de cursos tecnólogos da Universidade Fumec, em BH, William Lopes Camelo.
Segundo ele, o grande diferencial desse tipo de formação são as disciplinas voltadas para a atuação prática, que transformam estudantes em especialistas. “O objetivo é fazer com que os formandos desenvolvam capacidades empreendedoras e uma sintonia fina com o mundo empresarial, com o mercado”, detalha.
Os cursos de tecnólogo conferem ao estudante um diploma de nível superior e permitem a atuação em frentes direcionadas e bastante específicas. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação eles são definidos como uma das formas de graduação ofertadas no país, juntamente com o bacharelado e a licenciatura.
Para o coordenador dos cursos superiores tecnólogos em Recursos Humanos e Gestão Hospitalar da Estácio de Sá, Leonardo Espi Cavalcanti, as disciplinas afunilam o conhecimento dos estudantes e os tornam aptos para atuar como especialistas.
“Esses cursos extremamente específicos não vieram para substituir as outras graduações, têm seu lugar separado no mercado. A grande sacada é que logo no primeiro período, o aluno já aprende matérias específicas, que vão gerar competências direcionadas para a área de atuação”, ressalta.