'Precisamos de falar em responsabilização', diz Mateus Simões sobre problemas em elevadores
Os mais de 50 elevadores foram interditados na sede do governo do Estado. Os servidores foram colocados em esquema de home office.
Os problemas com os elevadores da Cidade Admnistrativa, sede do governo do Estado, foram duramente criticados pelo vice-governador Mateus Simões na manhã desta sexta-feira (10), durante coletiva onde enfatizou que os responsáveis deveriam ser responsabilizados.
"Das situações imprevistas que já lidei até agora, eram fenômenos naturais e externos. Não tive que lidar com tamanha gravidade, causada por fator humano. Nós estamos desde ontem à noite interditando o funcionamento dos dois maiores prédios de trabalho privado de trabalho humano do Estado de Minas Gerais, onde quase 8 mil pessoas trabalham todos os dias. Tenho mais de 7 mil servidores públicos em casa hoje, que só acontece porque quem deveria ter tomado conta da construção desses prédios no passado aparentemente estava preocupado com outra coisa. O momento é de indignação, declarou o vice-governador.
Sem citar nomes, o segundo no comando do executivo estadual falou em desvio de verba. "Um acordo de leniência que demonstra que esses prédios foram construídos com prática de corrupção de desvio de dinheiro por parte de agentes que estavam envolvidos na construção da cidade administrativa", enfatizou.
De acordo com Simões, uma nova perícia nos elevadores foi realizada e entregue na quinta-feira (9), fazendo com que o executivo estadual tomasse a decisão. "Infelizmente, a gente veio detectando por conta do nosso serviço de manutenção a existência de uma poeira no lugar onde ela não deveria existir, isso no final do ano passado. Então, nós naquele momento, contratamos emergencialmente uma perícia e, na detecção de que haveria algum risco, nós suspendemos o uso dos elevadores que apresentavam esse problema de forma mais evidente. Infelizmente fizemos uma uma licitação para reparo e a empresa que ganhou a licitação se recusou a fazer, que é iniciar as obras. Isso acendeu um sinal de alerta adicional no governo do estado", disse.
Segundo ele, o novo estudo foi assertivo para a suspensão do uso dos elevadores. Nós realizamos novas perícias, dessa vez envolvendo o nosso corpo técnico e, infelizmente o laudo nos deixou ontem, quando foi entregue no final do dia, muito preocupados. Nós dispensamos todos os servidores porque não faria sentido, antes da gente reorganizar a atividade, deixar os servidores passando pelo desgaste ter de subir escadas num prédio de 14 andares", detalhou.
O problema nos elevadores da Cidade Administrativa, no prédio Minas, começaram em novembro de 2023, após uma manutenção de rotina direcionar para a interdição. Assim, os de uso privativo foram disponibilizados para uso comum.
Uma empresa contratada pelo executivo estadual para periciar as estruturas emitiu um laudo em março de 2024, apontando que os pilares metálicos dos contrapesos dos elevadores não foram chumbados conforme o projeto, resultando em um espaço vazio entre a viga de concreto armado e as chapas de fixação dos pilares.
A mesma empresa que fez a vistoria detectou falhas em elevadores do outro prédio do complexo administrativo, o Minas - que também receberá a obra estrutural. Lá, os equipamentos estão interditados desde novembro do ano passado. Naquele mês, um servidor de 66 anos morreu após um mal súbito, enquanto subia as escadas do edifício.
O outro lado
A Cidade Administrativa foi construída durante a gestão do ex-governador Aécio Neves, em 2010. O Hoje em Dia procurou o hoje deputado federal, mas quem está se pronunciado sobre o caso é o PSDB. Em nota, assinada pelo deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente da legenda em Minas, as declarações de Mateus Simões são classificadas como "levianas e irresponsáveis".
Conforme os tucanos, o caso deve ser tratado com maior seriedade e responsabilidade. "A Cidade Administrativa, obra da qual o PSDB muito se orgulha e que trouxe extraordinária economia aos cofres do estado, foi entregue há 14 anos, depois de análise de todos os órgãos de fiscalização, em pleno e correto funcionamento. Nunca houve de governos anteriores, nem mesmo do atual, em seus quatro anos de primeiro mandato, qualquer reparo à nova sede do governo. A responsabilidade pela manutenção correta de qualquer obra pública é de responsabilidade das diferentes administrações que se sucedem".
O Hoje em Dia também tenta contato com a empresa responsável pela construção dos elevadores da Cidade Administrativa, mas ninguém foi localizado até o momento.