O prédio onde mora o promotor de Justiça titular da Vara de Combate ao Crime Organizado, André Luiz Garcia de Pinho, 45 anos, foi alvo de tiros na madrugada dessa quarta-feira (18), no bairro Buritis, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O subsíndico do prédio acionou a Polícia Militar após ouvir três disparos de arma de foto. De acordo com a PM, os tiros atingiram a vidraça da fachada do prédio.
O caso será investigado pela Polícia Civil, mas já existe a suspeita de que a autoria dos disparos seria de uma quadrilha que foi denunciada pelo Ministério Público (MP). De acordo com a Promotoria, os acusados tinham como base das operações criminosas a falsificação de notas promissórias, confissões de dívidas e até documentos relativos a testamento para extorquir diversas autoridades. Os documentos seriam usados pela quadrilha para receber ações bilionárias na Justiça.
Relembre o caso
O esquema, segundo o Ministério Público, é comandado por Nilton Monteiro, sendo Carone o “relações públicas” da empreitada criminosa. No ano de 2000, Monteiro teria começado a falsificar documentos com a finalidade de extorsão. Contava com a ajuda de um policial civil para as autenticações. Conforme a denúncia, foram diversas notas promissórias milionárias, todas falsas, ajuizadas nas varas de execuções fiscais. Até 2013, o MP já havia chegado à cifra de R$ 1 bilhão em fraudes. Os alvos foram políticos e empresários, incluindo um grande grupo do ramo da mineração.
Os falsários, segundo o MP, utilizavam sempre de duas testemunhas. Uma delas, em depoimento, admitiu a falsificação. “A segunda denunciada, Maria, e, Alcy, o terceiro, além de Sebastião Neves, agiam em conjunto e combinados com o primeiro denunciado, nas práticas dos delitos narrados, eis que, figuravam como testemunhas em diversos documentos apreendidos com Nilton, inclusive na nota promissória forjada, com a assinatura do advogado, F.A., no valor de R$ 3 milhões conforme a mesma confessa em depoimento pessoal. As assinaturas em tais documentos, todos forjados, os quais seriam utilizados por Nilton Monteiro para fins de obtenção de lucros indevidos”, diz trecho da denúncia.
Em 2007, Monteiro associou-se a Carone. De acordo com os autos, Carone era responsável por realizar matérias supostamente jornalísticas contra as autoridades que seriam chantageadas com documentos falsos, publicando-as no Novojornal. Desta maneira, dividiriam os lucros das extorsões. “Longe de funcionar como órgão legítimo de imprensa, atua como verdadeiro balcão para a intimidação e desmoralização de vítimas da quadrilha”, sustenta o MP.
Carone está preso desde o dia 20 de janeiro por ordem da juíza Maria Isabel Fleck.
“Afirma o parquet que há algum tempo, o requerido Marco Carone tem perpetrado diversos atos atentatórios ao próprio estado democrático de direito, ofendendo e encetando falsas acusações contra todos aqueles que se interponham aos objetivos da quadrilha”, disse a juíza no despacho que determinou a prisão.