(Marcelo Prates)
Expositores de três tradicionais feiras de Belo Horizonte correm o risco de perder a fonte do sustento de casa. A exemplo do que fez na Feira de Artesanato da Afonso Pena, a prefeitura quer regular quem trabalhará na Tom Jobim, na das Flores e na de Antiguidades. Todas acontecem na avenida Bernardo Monteiro, no Santa Efigênia (Leste).
Os comerciantes atuais vão à Justiça na tentativa de impedir a licitação, prevista para 19 de fevereiro.
O edital está disponível para consulta no site da prefeitura,http://,www.pbh.gov.br. A disputa será por concorrência de maior oferta, ou seja, quem oferecer o maior valor será escolhido para explorar as tendas.
Regras
O modelo permite a participação dos expositores de hoje, mas não beneficia em nada quem vive das feiras há gerações e paga uma taxa de quase R$ 1 mil por ano para trabalhar.
Segundo a nova regulamentação, serão 24 barracas de comidas e bebidas na feira Tom Jobim (aos sábados), 45 para a de Flores (às sextas) e 32 para a de Antiguidades (nas manhãs de sábado).
A justificativa do processo, segundo o edital, é “regularizar o uso de espaços públicos mediante a observância do princípio constitucional da isonomia; melhorar os serviços oferecidos e incentivar a cultura”.
Feirantes
José Pereira Horta Júnior, de 46 anos, um dos representantes dos feirantes, diz que a licitação é desleal pois ignora a condição socioeconômica dos atuais expositores, que podem perder o ponto para grandes empresas, como a atacadista Holambra.
“Vamos entrar na Justiça antes que descaracterizem a feira”, avisa.
De acordo com ele, os comerciantes criaram a Feira das Flores nos anos 80, ao lado da Igreja da Boa Viagem. O município mudou o endereço dela várias vezes antes de decidir pela avenida Bernardo Monteiro, há 20 anos.
“A prefeitura nunca nos deu apoio e sequer fecha o quarteirão para expormos. Não temos limpeza ou banheiros públicos. Agora chegam, sem nos comunicar nada, e querem vender espaços de uma feira, que nós criamos, para qualquer pessoa?”, questiona.