Seja por meio do trabalho ou da cultura, penitenciárias buscam formas criativas de aumentar as chances de ressocialização dos presos em Minas. Em Montes Claros, na região Norte, a poesia virou instrumento de reeducação social no presídio Alvorada. São 20 presos, homens e mulheres, inscritos em um sarau.

Internos participaram das duas últimas edições do Salão Nacional de Poesia de Montes Claros, o Psiu Poético. O projeto faz parte do Programa de Inclusão Social dos Egressos do Sistema Prisional (PrEsp).

Diretora de ressocialização do presídio, Camila Marques Rocha explica que o Sarau Poético Prisional apresenta resultados animadores, pois mobiliza todos os 330 presos da unidade (250 homens e 80 mulheres). Os albergados são jurados e selecionam as melhores poesias.

Aos 51 anos, 30 deles vivendo em uma cela por causa dos vários furtos, Sérgio Danilo Santos Durães venceu a última edição do sarau poético. Ele acredita que suas criações têm dado dignidade a seus pais, moradores de Pouso Alegre (Sul de Minas). “Desde que descobri a poesia, mudei de estilo de vida e passei a compreender melhor o mundo”, afirma Durães, que está na iminência de deixar a cela.

Em versos, o presidiário brinca com a mineiridade. “Uma água para molhar o bico/Uma calça tipo cai não cai/O mineiro já estava entusiasmado/Todo mundo ao seu lado, querendo ouvir uai”.

Quando em liberdade, o detento, que aprendeu a ler e a escrever na prisão, espera ter uma nova chance de recomeçar a vida. “Morei em Montes Claros até os 12 anos, quando fui morar em Belo Horizonte. Pratiquei vários furtos. Nunca tinha entrado em uma sala de aula e acabei alfabetizado justamente na prisão”.

O Sarau Poético Prisional surgiu durante o curso de alfabetização que envolveu 45 presos, até então analfabetos.

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