Prevenção a desastres: especialista diz que IA e tecnologia podem ser usadas para salvar vidas
Palestrante no maior evento de conectividade, inovação e tecnologia da América Latina, Euclides Chuma defende uso abrangente de ferramentas para evitar e remediar tragédias
Com um uso cada vez mais autônomo e abrangente, a Inteligência Artificial atribuída a drones, por exemplo, pode ser utilizada também para prevenção e atuação em diversos tipos de desastres e situações de risco.
Euclides Chuma é membro sênior do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Palestrante na Futurecom - maior evento de conectividade, inovação e tecnologia da América Latina, que termina nesta quinta (10) em São Paulo -, ele explica que a IA pode ser aliada para salvar vidas em situações extremas, como desastres naturais.
“Pode ser utilizada para gerar modelos mais precisos sobre o clima e o comportamento desse clima. E isso se dá por meio de sensores integrados com IA, que passam os dados sobre a previsão do tempo ou em provável área de incêndio para que as autoridades possam se preparar para um determinado fenômeno”, diz.
Além da prevenção, Euclides defende que a tecnologia também pode ser usada no pós-desastre e cita como exemplo as enchentes do Rio Grande do Sul, este ano.
“Drones integrados com essa tecnologia poderiam localizar pessoas e acionar um barco, controlado remotamente por IA, para ir até a pessoa e realizar o resgate, sem colocar um militar ou voluntário em risco”.
Com uma história marcada por enchentes, deslizamentos e rompimento de barragens, Minas também poderia ser beneficiada. “É uma forma de ajudar pessoas em alagamentos, avisar sobre áreas de risco, já adiantar a informação para que as forças de segurança possam agir, inclusive no caso de rompimentos de barragens”.
O pesquisador ressalta que apesar de a IA parecer, para muitos, futurista e distante, vem sendo cada vez mais usada. “Mas o governo tem que mostrar interesse, afinal é função dele salvar vidas. E isso pode ocorrer por meio de parcerias", sugere. “São equipamentos caros, não há como negar. Porém, qual o preço de uma vida?", questiona, citando o exemplo dos Estados Unidos, que com a ajuda da tecnologia conseguiu se antecipar aos estragos do furacão Milton e evacuar cidades. “Valeu a pena o investimento”.
O pesquisador destaca, porém, que apesar dos benefícios, tal tecnologia tem que ser usada com responsabilidade e precisa de regulamentação. “Se você fizer uma previsão climática de seca numa região, com impactos sobre a produção de café, com um ano de antecedência, por exemplo, as pessoas podem utilizar a informação de forma maldosa para inflacionar o preço, manipular mercado ou estocar comida, prejudicando a população pobre", diz.
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