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Uma solução importada, prática, rápida e cinco vezes mais econômica do que as intervenções já sugeridas é a aposta para a transformação do trânsito de acesso ao Belvedere, zona Sul de Belo Horizonte. A proposta, amplamente aplicada nos Estados Unidos e empregada com sucesso na França, baseia-se em um conceito semelhante ao da mão-inglesa.
A DDI (na sigla em inglês Diverging Diamond Interchange), como é chamada, foi proposta por um estudo encomendado pela Associação de Empreendedores dos Bairros Vila da Serra e Vale do Sereno (AVS), conforme adiantou o Hoje em Dia no fim do ano passado.
O trabalho, que leva em conta os principais gargalos apresentados aos motoristas que cruzam o Trevo do Belvedere, sugere um redesenho do sistema atual, no modelo trevo quatro folhas, de maneira a reduzir o entrelaçamento sobre e sob o viaduto local.
O trabalho promete solucionar o problema do trânsito na região até pelo menos 2020. “Utilizamos uma técnica que reproduz o comportamento dos motoristas e veículos a partir de um software. As imagens, captadas inclusive por drones (aviões não tripulados), mostram que o problema da região nada mais é que um efeito cascata do que ocorre no trevo”, explica o engenheiro Rodrigo Sírio Coelho, sócio-diretor do Grupo Tectran, responsável pelo estudo.
Inversão
A solução seria criar mãos-inglesas nos trechos utilizados para quem segue da avenida Raja Gabaglia em direção ao BH Shopping e vice-versa. Nesses locais, seriam instalados semáforos, com possibilidade de reprogramação de acordo com o fluxo dos horários de pico. A opção, se implementada em Belo Horizonte, seria a primeira com esse tipo de modelo no país.
“Podemos ter o viaduto que for, mas, se chegarmos a um ponto com restrição de capacidade e tivermos um número de carros superior ao suportado, o trânsito, certamente, ficará retido. O sistema, em conjunto com os semáforos, desafoga o trânsito e só libera a passagem de veículos que seriam realmente suportados naquele trecho”, detalha o engenheiro.
PPP
Com tempo de execução reduzido e baixo custo, as obras seriam feitas no modelo de Parceria-Público-Privada (PPP), conforme o presidente da AVS, Gilmar Dias, entidade que encomendou o estudo. Os recursos viários viriam de medidas compensatórias, estabelecidas a empreendedores instalados na região, e seriam monitorados pelo Ministério Público nos mesmos moldes do que foi feito na trincheira do BH Shopping. “Nossa associação faria a gestão das obras, contrataria a empresa responsável pelo projeto e por executar a obra”, informa Dias.
Segundo ele, as prefeituras de Belo Horizonte e Nova Lima receberam e aprovaram as propostas sugeridas pelo estudo. Nenhum representante dos dois municípios, no entanto, foi disponibilizado para comentar o projeto. A proposta já foi apresentada ao Ministério Público, que ainda avalia a eficácia do projeto.
Pela metade
As obras do Portal Sul, anteriormente chamado de Complexo Viário Sul, foram parcialmente concluídas em abril de 2013.
Do projeto original, somente uma alça ligando a BR-356 à MG-030, no sentido Rio de Janeiro/Nova Lima, e uma trincheira no sentido Nova Lima/Savassi foram construídas.
Outros dois viadutos, nos sentidos Savassi/Nova Lima e Nova Lima/Rio de Janeiro, a serem executados por meio de convênio com os governos federal e estadual, não têm data para serem construídos. O Grupo Tectran garante que os custos do futuro trevo do Belvedere corresponderiam a 20% do valor dos dois elevados.