Prostitutas de BH têm o primeiro contato com o inglês

Raquel Ramos - Do Hoje em Dia
12/03/2013 às 07:14.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:48

(Eugênio Moraes)

Com olhos atentos, caderno e lápis nas mãos, prostitutas de Belo Horizonte tiveram, na última segunda-feira (11), pela primeira vez, a oportunidade de assistir a uma aula de língua estrangeira. O curso de inglês, espanhol, italiano e francês, oferecido gratuitamente pela Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), pretende qualificar as profissionais do sexo para a Copa do Mundo de 2014.

“Isso é importante para que elas possam receber os clientes gringos, sem enfrentar problemas de comunicação”, afirmou a vice-presidente da entidade, Laura Maria do Espírito Santo. Segundo ela, 20 turmas já estão formadas para atender 250 inscritos, incluindo travestis. Até a metade do ano que vem, o grupo terá uma aula por semana, com uma hora e meia de duração.

Já no primeiro dia, os alunos foram desafiados com uma aula de inglês, quando aprenderam frases básicas do idioma, como “What is your name?” (qual o seu nome?) e o verbo “to be”.

Com o tempo curto para ensinar, o combinado é que os professores darão prioridade às aulas de conversação e vocabulário técnico.

Embora já arranhe o espanhol, Lucimara Wieniesky, de 44 anos, está satisfeita pela chance de aprender outro idioma. “Eu já sentia essa necessidade antes. Não é porque a pessoa está em outro país que ela deixa de ser homem”, comentou.

Certa de que o número de clientes aumentará na época da Copa, ela quer estar preparada para qualquer situação. “Muitos não pagam só pelo programa. Antes, querem bater um papo com alguém, saber da cidade. Se eu não souber falar nada, posso perder o cliente”, afirmou.

Oportunidade

Mais do que o retorno financeiro, Igor Fuchs – um dos 11 professores voluntários – acredita que outro idioma pode abrir as portas para algo maior, como uma nova atividade.

Esse é o plano de Maria José da Silva, de 55 anos. “Tenho o sonho de ir para a Bahia e abrir um comércio. Se escolher uma cidade turística, precisarei de saber outra língua para atender os gringos”.

Sem estudar há muito tempo, ela não disfarça a alegria de voltar às aulas. “Nunca é tarde para aprender, nem para ser feliz”, disse. 

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