Segundo dia de julgamento

Protesto com cruzes formadas com sacos de feijão pede a condenação de Antério Mânica

Gabriel Rezende
gresende@hojeemdia.com.br
25/05/2022 às 09:47.
Atualizado em 25/05/2022 às 10:04

(Valéria Marques/Hoje em Dia)

O segundo dia de julgamento do ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, nesta quarta-feira (25), iniciou sob novo protesto na sede do Tribunal da Justiça Federal em Belo Horizonte. Cruzes formadas com pacotes de feijão representam “luto e indignação pela impunidade."

Conforme o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), o protesto faz alusão ao crime, impunidade. "Os mandantes eram produtores de feijão na região de Unaí. São 18 anos de luto e indignação. Estamos em busca de paz. Mas com injustiça e impunidade não há paz", desabafa Machado.

Veja vídeo:

Representantes de auditores fiscais de todo o Brasil estão reunidos na porta do Tribunal desde desde terça-feira (24), quando teve início o julgamento. 

"Os auditores morreram porque não se dobraram ao poder econômico simbolizado nesse protesto de cruzes, com sangue. Temos esperança que o judiciário, que os jurados confirmem o júri de 2015, condenando, novamente, o mandante a 100 anos de reclusão", completa. 

Julgamento 

O julgamento segue nesta quarta-feira (25) quando devem ser ouvidas testemunhas de defesa e acusação. No primeiro dia, o julgamento demorou mais de 10 horas e foram ouvidas oito testemunhas. 

Relembre o caso

Em 28 de janeiro de 2004, os auditores João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, após uma emboscada na região rural de Unaí. 

À época, o trio investigava denúncias de trabalho escravo que estaria acontecendo em fazendas da região. O crime ficou conhecido como chacina de Unaí.

As primeiras prisões envolvendo o caso só ocorreram em 2013, uma década após os assassinatos. Na ocasião, três pessoas — Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes — acusadas de serem “pistoleiros”, foram condenadas a penas que, juntas, somam 226 anos de prisão.

Os intermediários do crime, segundo a acusação, eram os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Os dois confessaram o crime e foram condenados.

O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica e o irmão dele, Norberto, dois grandes produtores de feijão da região, foram apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) como mandantes do crime. A sentença deles saiu em 2015, com cada um sentenciado a cumprir 100 anos de prisão. Apesar de o MPF pedir a prisão imediata dos réus, a Justiça permitiu que ambos recorressem em liberdade.

Em 2018, no entanto, uma reviravolta mudou os rumos do processo, quando o TRF-1 anulou a condenação de Antério Mânica. 

Em virtude da anulação, o ex-prefeito terá que ser submetido a novo julgamento, que deve acontecer nesta semana.

Na época da anulação, Norberto Mânica, que também recorre em liberdade, prestou depoimento e sustentou ser o único mandante do crime, inocentando o irmão.

(Valéria Marques/Hoje em Dia)

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