Psicólogas ensinam como afastar a Síndrome de Fim de Ano

Larissa Durães
portal@hojeemdia.com.br
Publicado em 01/01/2022 às 14:47.Atualizado em 04/01/2022 às 00:17.

O fim do ano está relacionado ao encerramento de um ciclo e início de um novo, que pode ser apenas a continuidade do que já estava sendo vivido ou a renovação e criação de uma nova fase. Essa possibilidade de mudanças e até mesmo a cobrança para que elas aconteçam podem desencadear a Síndrome de Final de Ano ou Dezembrite. O fenômeno está relacionado ao aumento dos casos de ansiedade e depressão, muito comuns nesta época.

Os sintomas são depressão, ansiedade, pânico, insônia, falta de energia e de tempo, burnout, fadiga, compulsão. “Dezembro é um mês em que muitas pessoas se sentem bastante solitárias. Existe uma incongruência entre essa alegria que se vê na televisão, nos comerciais, para a vida real. É um mês onde as pessoas se esgotam, estão em multitarefas. Além disso, existe a depressão típica do Natal, principalmente em pessoas idosas, saudosistas, que já vivenciaram perdas de entes queridos”, afirma a psicóloga Carla Mendes Santos Teixeira.

Especialista em psicologia hospitalar, saúde mental e atenção psicossocial, coordenadora e docente dos cursos de Psicologia Fasi e Funorte, Carla alerta que os bons sentimentos que se espera que esta época desperte não são compartilhados por todos. “Isso pode se tornar um gatilho para a angústia e a tristeza. É preciso tomar cuidado com essa ideia de que o ano vai acabar e que tudo precisa estar resolvido”, orienta.

A psicóloga clínica Mayara Cantuária da Silva explica que uma das formas de se evitar a Dezembrite é não comparar a própria vida com a das outras pessoas.

“O processo de comparação, de modo geral, costuma fazer muito mal às pessoas”, afirma. “Há aquelas que conseguem realizar seus objetivos, é normal. E outras não, o que também é normal. Fazer comparação com o ‘sucesso’ dos outros pode causar frustrações e depressões”, adverte.
A depressão sazonal pode ganhar ainda mais força neste ano depois de as pessoas terem ficado isoladas por muito tempo em função da pandemia da Covid-19. “As pessoas já estavam adaptadas ao modelo de ficar em casa e, agora, com a abertura da economia e a volta aos poucos à vida, algumas tiveram mais dificuldades em aceitar essa nova realidade”, diz.

Outro ponto que favorece a Síndrome de Final de Ano são as redes sociais, principalmente com a publicação de retrospectivas pessoais. “Tem pessoas que colocam nas redes que conseguiram atingir os objetivos do ano, enquanto outras veem isto como derrotas delas mesmo, por não terem sido tão bem sucedidas. Isso acarreta mais estresse e mais depressão”, afirma Mayara Cantuária.

Na mesma linha de raciocínio está a psicóloga Cláudia Guimarães de Souza Lima, que levanta outro olhar em relação às altas expectativas que as pessoas projetam para elas mesmas ao longo do ano. “A gente começa a fazer um balanço do que não deu certo nesse ano pra tentar refazer no próximo. Mas é preciso fazer um planejamento mais tangível. Se não for assim, elas tendem a não realizar o que planejou, o que as levará para uma depressão”, aponta.

Basta a decoração de Natal começar a surgir para que o movimento no consultório aumente, conta Cláudia. “Esse período é onde os consultórios tendem a serem mais procurados. A pessoa diz: ‘Meu Deus! O ano está acabando e eu não cumpri tudo da minha lista’. Com isso, entra em um processo de frustração, não consegue lidar com esse sentimento e chega à angústia”.

Para não cair nessa armadilha, que pode se repetir ano a ano, Cláudia dá uma dica: “as pessoas devem fazer planejamentos mais tangíveis, mais dentro da realidade delas. Devem procurar coisas mais palpáveis e não coisas difíceis ou fora da realidade”.

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