Qualidade do ar melhora em BH, mas ainda é insatisfatória

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
24/10/2014 às 07:45.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:44
Dos 2,3 milhões de belorizontinos, pouco mais de 1 milhão se consideram brancos. Isso corresponde a 43,6% da população total da cidade (Ricardo Bastos/Arquivo Hoje em Dia)

Dos 2,3 milhões de belorizontinos, pouco mais de 1 milhão se consideram brancos. Isso corresponde a 43,6% da população total da cidade (Ricardo Bastos/Arquivo Hoje em Dia)

Após um longo período de estiagem, as chuvas isoladas dos últimos dias elevaram a umidade relativa do ar e amenizaram o tempo seco em Belo Horizonte. A sensação de alívio, no entanto, não significa que o ar respirado na capital ficou mais puro. Índices medidos pelas estações de monitoramento da prefeitura mostram que a qualidade vem se mantendo insatisfatória.

Classificado como regular e inadequado na maior parte deste mês, o ar da capital pode trazer sérios riscos à saúde, sobretudo de crianças, idosos e de pessoas com problemas respiratórios e cardíacos. O alerta é baseado na medição, que contabiliza a quantidade de elementos poluentes (por micrograma) dispersos em cada metro cúbico de ar (volume equivalente a 1 mil litros de água).

Entre os principais agentes tóxicos estão dióxido de enxofre, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos e ozônio. A maioria deles é proveniente da queima de combustíveis, liberados pelos escapamentos dos veículos, e também pela fumaça que sai de chaminés de fábricas.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) aponta a implantação dos corredores exclusivos para o Move como uma das principais medidas para reduzir a emissão de gases poluentes. As vias destinadas ao transporte coletivo visam a diminuição do número de veículos em circulação.

A SMSA também estuda a integração de políticas entre o órgão e a Secretaria Municipal de Saúde.

COMBATE À CAUSA

Na avaliação do engenheiro civil Warlei Agnelo de Oliveira, professor de gestão ambiental na Centro Universitário Una, combater as fontes poluentes é fundamental para que se mantenham adequados os níveis de qualidade do ar.
“É preciso atacar a causa. A partir do momento em que acaba a chuva, se a fonte de poluição continua a mesma, o problema volta”, afirma.

Entre as medidas, aponta ele, estão programas de controle veicular, para avaliar a quantidade de gás emitido pelos carros, e o incentivo à substituição dos modelos à base de combustíveis poluentes pelos naturais, como o gás. “O que vem sendo feito hoje não é suficiente, é preciso melhorar”, diz.

Para se proteger dos efeitos nocivos do ar tóxico aos pulmões e vias respiratórios, a recomendação médica é caprichar na hidratação, tanto oral, quanto nasal. “É preciso ingerir ao menos dois litros de água por dia e, sempre que possível, utilizar soro fisiológico nas narinas. Quem tem problemas respiratórios, como rinite e asma, deve ficar mais alerta, pois as complicações são inevitáveis”, ensina o pneumologista Flávio Mendonça, presidente da Sociedade Mineira de Pneumologia e Cirurgia.

De janeiro a setembro deste ano, 7.128 crianças com problemas respiratórios, como rinite, asma, bronquite, pneumonia, faringite e laringite, além de tosse e obstrução nasal, foram atendidas no Hospital Infantil João Paulo II, na capital. Em setembro, a média, por dia, foi de 62 atendimentos realizados.

 

PONTO A PONTO

Danos provocados pelos principais poluentes do ar:

- Monóxido de carbono: a exposição contínua está relacionada a infecções crônicas, além de ser particularmente nociva a pessoas com anemia e algum tipo de deficiência respiratória ou circulatórias.

- Óxidos de enxofre: a inalação, mesmo em concentrações muito baixas, provoca espasmos nos bronquíolos. Em concentrações maiores, leva ao aumento de secreção nas mucosa das vias respiratórias superiores, inflamações graves e redução da proteção do trato respiratório a partículas estranhas. Também aumenta a incidência de rinite, faringite e bronquite.

- Óxidos de nitrogênio: irritante para os olhos e mucosas nasais, pode provocar enfisema pulmonar e se transformar em substâncias cancerígenas no pulmão.

- Oxidantes fotoquímicos e ozônio: formam a chamada névoa fotoquímica, que reduz a visibilidade na atmosfera. Provocam danos na estrutura pulmonar e diminuem a resistência a infecções respiratórias, além de agravar doenças pré-existentes, aumentando a incidência de tosse, asma e irritações no trato respiratório e
nos olhos. 

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