Quase 23 mil árvores em BH cortadas ou podadas

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
05/08/2014 às 07:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:39

(Flávio Tavares)

Com o crescimento das cidades e a falta de planejamento para os grandes centros, o meio ambiente acaba sendo o elo mais fraco em um conflito com outros componentes urbanos. Danos à rede elétrica e riscos para construções e pedestres são alguns dos motivos que justificam podas drásticas de árvores em diversas regiões de Belo Horizonte. Um prejuízo que afeta diretamente a população, já que o verde é essencial para garantir a qualidade do ar.

Até mesmo uma tentativa de melhorar a segurança na cidade é usada como explicação para podas e supressões de árvores. “Estamos em um ambiente urbano e temos que conviver com todos esses problemas, mas temos de procurar soluções e o meio ambiente não pode pagar a conta em todos os casos”, observou a professora do Departamento de Ciências Biológicas da PUC Minas, Juliana Rezende.

Para ela, certas podas radicais são necessárias, uma vez que acabam evitando problemas maiores. Entretanto, o planejamento deve ser repensado para que isso não vire rotina no futuro. “O ideal seria ter uma rede elétrica subterrânea ou fazer o plantio de árvores de menor porte nos passeios para não confrontarem com a fiação”, explicou.

Como a capital já ultrapassou os cem anos, é comum encontrar nas calçadas árvores de grande porte como o fícus e o ipê. O correto, diz a especialista, seria a utilização de opções menores, como ipê mirim e aroeira salsa, espécies que já estão sendo usadas e recomendadas pela PBH em novos plantios.

As supressões e podas ligadas à rede elétrica são realizadas pela Cemig. Apenas neste ano, já foram feitas 22.749 podas. Algumas são tão radicais que suprimem quase toda a árvore, como ocorreu com alguns exemplares na rua Centralina, no bairro Santa Inês, na região Leste. Embora a prefeitura garanta que a poda foi feita pela Cemig, e realizada de forma tão drástica que já se estuda a supressão do que restou, a empresa de energia elétrica não se responsabilizou por tais intervenções.

Doenças

Somado a todos estes problemas ainda existem doenças e pragas, que obrigam o corte de vários exemplares, como ocorreu nos últimos dias nas ruas Ceará e Piauí, no bairro Funcionários, na região Sul, por estarem ocas, segundo a PBH.

A prefeitura admite que, às vezes, o meio ambiente leva a pior em situações cotidianas: “Embora sejam de fundamental importância na vida de uma cidade, as árvores podem entrar em conflito com os equipamentos públicos e outros elementos do espaço urbano, mesmo quando é feito um bom planejamento na arborização. Por esse motivo a manutenção na arborização tem que ser constante por meio de podas, supressões, plantios e transplantios”, afirmou, em nota.

Destino indefinido para os fícus

Em fevereiro, o Hoje em Dia mostrou que pelo menos oito fícus da avenida Bernardo Monteiro, no bairro Santa Efigênia (Leste de BH), sucumbiram à praga da mosca-branca e morreram. Quase seis meses depois, nada foi feito com o que sobrou delas. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que a gerente responsável pelo assunto está de férias e não colocou outra fonte para comentar o assunto. Integrantes do movimento Fica Fícus alegam que a última poda aconteceu há cerca de um mês e que desconhecem a continuidade do tratamento. A prefeitura ainda não concluiu o inventário das árvores da cidade.

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