Uma nova onda de ataques a ônibus deixa a Polícia Militar em alerta na Grande BH. Em 36 horas, criminosos atearam fogo em seis coletivos afetando o atendimento a milhares de pessoas, deixando os usuários do transporte público amedrontados. E a promessa, estampada em um bilhete deixado na cena de um dos crimes, é a de que novos alvos estão na mira.
Até agora, somam-se 37 ônibus incendiados criminosamente em todo ano na capital e região metropolitana. Desses, 21 foram em BH e 16 nas cidades do entorno, de acordo com os sindicatos das empresas de transporte de passageiros de Belo Horizonte e Metropolitano (Setra-BH e Sintram). O prejuízo estimado com o vandalismo foi de R$ 14,8 milhões.
A última vez em que a região foi alvo de crimes desse perfil foi em fevereiro deste ano, quando pelo menos seis veículos foram depredados. Com os números, 2017 foi o período com mais ataques a coletivos, pelo menos, dos últimos nove anos.
Alvos
A sequência de crimes começou na última quarta-feira (27), por volta de uma hora da manhã, no bairro Santa Cruz, região Nordeste da capital.
Dois criminosos armados pararam um coletivo da linha 8203 (Renascença/Buritis), ordenaram a saída dos ocupantes do veículo, ateando fogo em seguida. Após a fuga dos bandidos, o motorista e os passageiros conseguiram debelar as chamas com extintores de incêndio.
O fogo destruiu o banco do motorista, parte do câmbio e do volante, o assoalho perto da roleta e dois bancos de passageiros.
Ainda na quarta, três outros ônibus foram incendiados. Nesta quinta (28), dois ônibus foram queimados.
Diante da ameaça de mais incêndios, a polícia iniciou uma operação especial, com aumento do efetivo, nos principais corredores de tráfego e pontos estratégicos para inibir outros crimes.
Segundo o porta-voz da PM, major Flávio Santiago, a corporação está empenhada na busca dos envolvidos na ação. Até o fechamento dessa edição, ninguém havia sido preso.
“Estamos empenhados nisso. Nosso serviço de inteligência já nos passou a informação que os envolvidos nos incêndios do início do ano já estão todos nas ruas. Não podemos afirmar que eles estão envolvidos, mas nada é descartado”, observa.
Hipótese
Em um dos ataques, os bandidos deixaram um bilhete atribuindo o crime a possíveis retaliações à conduta de agentes penitenciários no Complexo Prisional Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana.
Em nota, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) disse não ser possível estabelecer relação entre o fato ocorrido e o sistema prisional até que a Polícia Civil (PC) conclua as investigações.
A PC informou que os inquéritos foram instaurados e as investigações iniciadas, mas não deu detalhes devido ao sigilo das informações.
Além Disso
Cronologia dos atentados
27/12 (00h55): ônibus parcialmente incendiado no bairro Santa Cruz, região Nordeste da capital
27/12 (16h30): ônibus é queimado no bairro Milionários, na região do Barreiro
27/12 (22h44): ônibus consumido por chamas no bairro Goiânia, região Nordeste de BH
27/12 (22h55): ônibus incendiado no Jardim Riacho das Pedras, em Contagem
28/12 (00h12): ônibus queimado no Anel Rodoviário, altura do bairro Betânia, região Oeste
28/12 (14h): ônibus incendiado no bairro Monte Verde, em Contagem, próximo a Ceasa
Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), cada ônibus incendiado deixa de atender, em média, 500 passageiros por dia. Logo, com 21 vandalizados neste ano, 10.500 pessoas deixaram de ser transportadas na capital.
Já na Região Metropolitana de Belo Horizonte, conforme o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram), um veículo incendiado afeta uma média de 300 passageiros. Com 16 destruídos no ano, foram 4.800 usuários afetados.