Milhares de mineiros aguardam por uma cirurgia eletiva pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em alguns casos, a espera já dura anos. Só na capital são mais de 22 mil moradores na fila. As especialidades com maior demanda são otorrino, neurologia, urologia, cirurgia geral, ortopedia e ginecologia.
Os procedimentos, que não são considerados de urgência, ficaram represados com a pandemia da Covid-19. A retomada gradual só ocorreu a partir de junho do ano passado. Em Minas, o número de cirurgias aumentou em 2022, mas não o suficiente para zerar a fila. De janeiro a agosto foram feitas 112 mil, contra 96 mil em todo o ano passado.
Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Conforme a pasta, a gestão das filas, priorização dos casos, agendamento das consultas, exames e cirurgias são de responsabilidade das secretarias municipais.
Fundador e presidente da Frente Parlamentar de Cirurgias Eletivas no Congresso, em Brasília, criada em 2019, o deputado federal Emidinho Madeira (PL) cobra mais agilidade na realização dos procedimentos em Minas.
Natural de Nova Resende, na região Sul do Estado, Emidinho afirma que a maior dificuldade para zerar a fila de espera é a defasagem na tabela do SUS, que estabelece o valor da remuneração do hospital e da equipe médica pelo procedimento realizado.
Para o parlamentar, uma das soluções é melhorar a negociação entre o prestador de serviço e as equipes clínicas. “A pandemia deixou a maior parte dos hospitais equipados. Há blocos de cirurgia parados e equipes ociosas. As equipes médicas tinham que operar mais por produção. É preciso fortalecer isso”, diz o deputado.
Segundo o parlamentar, durante o mandato dele, foram destinados R$ 80 milhões para 31 hospitais em 80 municípios do Sul e Sudoeste. Os recursos possibilitaram a realização de 11 mil cirurgias eletivas, diz o deputado.
“O cidadão que ganha um ou dois salários não dá conta de pagar um plano de saúde porque não sobra nada. Chega a ser humilhante o paciente ficar pra baixo e pra cima com um pedido de cirurgia na mão. Tem casos de pacientes que estão esperando por uma cirurgia há 8, 10 anos”.
Ações
Em 2021, a SES lançou o programa “Opera Mais, Minas Gerais”, ação de incentivo à realização de cirurgias eletivas, com investimento de R$ 206 milhões para redução das filas.
Segundo a pasta, a realização dos procedimentos depende de vários fatores como a pactuação com os hospitais executantes, adesão de hospitais privados, valorização das tabelas e disponibilidade de profissionais nas especialidades demandadas.
A secretaria informou que, em janeiro deste ano, foi publicada uma portaria com a ampliação da oferta e reajuste no incentivo financeiro.
Em BH, 24 hospitais da capital estão credenciados para realizar os procedimentos eletivos pelo SUS. A prefeitura informou que tem empreendido esforços para aumentar a execução mensal.
A PBH disse que realiza uma revisão da fila de espera considerando a condição clínica dos pacientes. Além disso, foi publicada em janeiro deste ano uma portaria com a ampliação da quantidade de procedimentos e reajuste no incentivo financeiro, como mais uma estratégia do município para reduzir a espera.