O calor intenso registrado em Minas Gerais acende o alerta do Corpo de Bombeiros. Somado às férias, o cenário é bastante propício para banhos em balneários, cachoeiras, lagoas e rios do Estado. Para tentar evitar afogamentos, a corporação conta, neste período, com mil homens a mais para a Operação Verão. A estratégia visa diminuir o número de mortes, seja durante o lazer ou em decorrência do período chuvoso.
Para se ter uma ideia, 353 pessoas morreram afogadas entre janeiro e 29 de dezembro de 2014 em Minas. Somente no mês que passou, foram 21 casos. Em 2013 foram 366 ocorrências – média de um atendimento por dia –, sendo seis delas registradas no último mês do ano.
Entre os locais de maior incidência está a famosa lagoa Várzea das Flores, entre Betim e Contagem, na Grande BH, e as cachoeiras e rios em Conceição do Mato Dentro e Taquaraçu de Minas (região Central). De acordo com o tenente Pedro Melgaço, do 3º Batalhão do Corpo de Bombeiros, esses são municípios em que o índice de mortes é preocupante. “A possibilidade de afogamentos é maior neste período nesses locais”, frisou.
Na região metropolitana, as atenções dos agentes voltam-se principalmente para a Várzea das Flores. O local é bastante procurado nos dias quentes, tornando-se um dos pontos críticos de afogamentos. “A beira da lagoa é rasa, mas, mais à frente, algumas áreas chegam a ter 25 metros de profundidade”, pondera o assessor de imprensa da corporação, capitão Thiago Miranda. Na tentativa de reduzir o risco de tragédias, uma base foi montada nas imediações e militares ficarão de prontidão para prestar socorro aos frequentadores.
O capitão destaca que o afogamento é a segunda causa de mortes por acidentes no Estado, perdendo apenas para o acidente automobilístico. “Cinco minutos debaixo d’água sem respirar diminuem bastante as chances de sobrevivência”, pondera Thiago, acrescentando que com até dois minutos sem ar a vítima já pode ter sequelas irreversíveis devido à falta de oxigenação cerebral. Segundo os bombeiros, homens entre 15 e 35 anos são as principais vítimas de afogamentos.
Incremento
Os mil militares que estão atuando na Operação Verão em Minas terminaram o curso de formação de oficiais em novembro de 2014 e foram distribuídos em unidades de todo o Estado. Além deles, bombeiros do setor administrativo também serão deslocados para atender áreas críticas de enchentes e afogamentos.
Para não ter problemas, banhista deve escolher bem o local onde vai nadar
De acordo com o Corpo de Bombeiros, é fundamental que a pessoa se atente na escolha pelo local (rios, cachoeiras, lagoas e piscinas) onde irá se banhar. Por isso, recomenda-se procurar uma área conhecida por ela ou por um outro que a esteja acompanhando. Além disso, os riscos oferecidos devem ser avaliados antes de entrar na água.
É importante que o banhista esteja atento à existência de faixas e placas de avisos aos frequentadores, bem como os alertas de perigo de morte. Ele também não deve desobedecer os limites de áreas demarcadas e preferir locais onde há guarda-vidas ou bombeiros. A corporação também recomenda ao veranista não nadar em águas poluídas.
Ingerir bebida alcoólica antes de entrar na água pode acabar em tragédia
Uma das principais causas de afogamentos entre adultos é o consumo de álcool. Na última segunda-feira, em Ubaporanga, no Leste de Minas Gerais, um homem de 50 anos, que não teve o nome divulgado, morreu após entrar em uma lagoa de aproximadamente 12 metros de profundidade. Testemunhas disseram aos policiais militares que a vítima havia bebido e não sabia nadar. “Embriagada, a pessoa fica mais corajosa e perde a noção do perigo, fazendo travessias arriscadas”, frisou o capitão Thiago Miranda.
O Corpo de Bombeiros também alerta para os perigos de se banhar sozinho e saltar de locais elevados para dentro da água. Além disso, é importante evitar brincadeiras de mau gosto, como ‘caldos’, ‘trotes’ e ‘saltos’. Se uma pessoa estiver se afogando, o ideal é não tentar salvá-la se o socorrista não for devidamente habilitado.
Os cuidados com as crianças também são essenciais. Para isso, os bombeiros recomendam não deixá-las sozinhas nem mesmo na parte rasa de rios, lagoas e cachoeiras.