Com roupas simples, descalço e uma sacolinha na mão, onde guarda seus pertences, um morador de rua chegou a um restaurante refinado da região Centro-Sul de BH com uma nota de R$ 50, querendo almoçar. Se muitas vezes alguns estabelecimentos costumam afastar moradores de rua e pedintes de suas cercanias, neste caso, o nome do restaurante fez jus ao atendimento que o cliente recebeu.

O que aconteceu no Benvindo, no bairro Lourdes, na tarde dessa terça-feira (4), chamou a atenção de um grupo de amigas que também almoçavam ali. Elas postaram o ocorrido nas redes sociais e, somente a postagem de uma delas no Facebook já gerou mais de 1.300 compartilhamentos. 

"Passamos a observar com cuidado para não constranger o homem com nossos olhares. Ele se assentou, apresentou a sua nota de R$ 50, e disse que gostaria de comer. E o garçom ou gerente foi atendê-lo com muita gentileza. Parecia que o homem tinha se preparado para estar ali, pois estava com roupas simples, mas limpas. E sem sapatos", conta uma das amigas que testemunhou a cena, a advogada Letícia Junger. 

Ela também relata que depois do ocorrido, o dia delas mudou. "Isso me emocionou muito. O comum - mas jamais normal - é que o restaurante queira remover os possíveis 'incômodos' dos olhos dos clientes. E por que deveria ser um incômodo, não é? Um homem querendo almoçar em um lugar um pouco mais refinado e pagar por isso. Simplesmente fiquei muito tocada com a atitude do restaurante em proporcionar um momento tão respeitoso para um ser humano. E acredito que presenciar essa cena foi mesmo um presente do Universo, pois uma energia boa nos contaminou imediatamente", relata. 

Atitudes como esta também acabam gerando uma imagem positiva para o estabelecimento. Da mesma forma que atos de preconceito ou crueldade, como aconteceu em um supermercado em São Paulo, quando um segurança espancou um cachorro até a morte, repercutem negativamente, gerando até protestos e boicote.

Mas o dono do Benvindo, Gustavo Viana, não acha que a atitude do estabelecimento pode ser chamada de "boa ação". "Ele era um cliente, tinha dinheiro e queria almoçar. Foi tratado como tal, não acho que foi alguma coisa demais", diz.

A conta, que daria R$ 130, acabou ficando em R$ 10. "Ele chegou querendo almoçar o que daria para pagar com os R$ 50. Tinha um prato de R$ 40. Mas o garçom quis ajudá-lo, nós resolvemos dar um vinho de cortesia, uma refeição completa com entrada, almoço, um refrigerante", relata.

E assim, o cliente comeu uma entrada refinada com frango e bacalhau com um toque de goiaba, e o almoço com arroz, batata, filé e ervilhas.

"Na hora de ir embora ele queria dar todo o dinheiro que tinha, que eram os R$ 50. Com muito custo, o garçom conseguiu convencê-lo a pagar somente R$ 10, dizendo que não ia cobrar pelo serviço e que ele havia ganhado cortesias", conclui. 

Confira o post:

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