No fim da década de 70, uma coleção de desenhos decorativos, pintados na época da construção da capital mineira, foi descoberta no Museu Mineiro, em Belo Horizonte. Estampados no teto e nas paredes, escondidos durante décadas por camadas de tinta, por pouco não foram definitivamente consumidos pelo tempo.

Mais de 30 anos depois, uma restauração minuciosa e delicada promete resgatar a beleza dos bordados, em estilo Barroco, que enfeitam a Sala das Sessões, um dos ambientes mais sofisticados do museu, parte integrante do Circuito Cultural da Praça da Liberdade.

O projeto, em fase de elaboração há quase nove meses, prevê um gasto aproximado de R$ 2 milhões para recuperar o teto, deteriorado por infiltrações, além de paredes e rodapés – também danificados pela falta de manutenção. O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) ainda precisa dar o aval.

“O tabuado de madeira onde fica preso o forro, que é uma tela pintada, acabou apodrecido por conta das infiltrações. A tela tem alguns pontos de rasgo, de perda, mas a parte artística ainda está bastante íntegra”, afirma a arquiteta Patrícia Pereira, da Memória Arquitetura, responsável pelo projeto executivo. A autoria dos desenhos é desconhecida.

A restauração poderá ser acompanhada de perto pelos visitantes, conforme o superintendente de Museus e Artes Visuais da Secretaria de Estado de Cultura, Léo Bahia. Os trabalhos devem durar pelo menos um ano e meio.

Diagnóstico

Uma equipe do Laboratório de Ciência da Conservação, da Faculdade de Belas Artes da UFMG, atuou no diagnóstico dos problemas. “Foram empregadas técnicas especiais, geradas imagens em alta resolução, através do uso de diversas radiações, como luz visível, luz infravermelha e fluorescência de ultravioleta”, afirma Luiz Souza, coordenador da equipe.