Construídas para interligar estados e escoar a produção do país, rodovias federais que apenas contornavam cidades transformaram-se em vias urbanas. O crescimento desordenado dos municípios, fruto da conivência das prefeituras, faz com que todo tipo de imóvel seja erguido junto ao acostamento. Ter o asfalto como vizinho pode ser lucrativo, dizem comerciantes, mas muitos moradores reclamam da falta de segurança e dos acidentes.
Para quem mora no Centro de cidades como Conselheiro Lafaiete e Congonhas, na região Central de Minas, e João Monlevade, no Vale do Aço, o acesso a serviços básicos – escolas e postos de saúde – não foi alterado pelas BRs 040 e 381.
O problema está na periferia, cortada pelas estradas. Ali, o trânsito urbano se mistura ao rodoviário, e acidentes e atropelamentos são frequentes. Um dos motivos é o vaivém de pedestres entre os veículos, inclusive carretas.
Perigo
Nascida e criada em Conselheiro Lafaiete, Fabiana Silva, de 40 anos, trabalha em um trailer às margens da BR-040, sentido Belo Horizonte/Rio de Janeiro.
Diariamente, ela precisa cruzar a estrada. “É impossível negar que a rodovia trouxe progresso para a cidade. São mais oportunidades para os moradores da região. No entanto, o número de acidentes, em especial atropelamentos, também é grande. Já perdi vários amigos”, lamenta.
Não faltam evidências do quanto é perigoso o trecho da rodovia federal. A parte da BR-040 que corta Lafaiete tem vários equipamentos para evitar que os motoristas abusem da velocidade.
Em apenas 16 quilômetros, são oito radares duplos e seis quebra-molas. Mas há apenas uma passarela.
“Isso demonstra como a população está ameaçada. Se intervenções não forem feitas com urgência, como a instalação de pelo menos mais três passarelas no trecho, o número de vítimas só vai aumentar”, diz Fabiana.
Região Central
O drama se repete em Congonhas, que também é “rasgada” pela BR-040.
Dono de uma oficina mecânica às margens da estrada, Gilberto Miranda, de 39 anos, reconhece que a rodovia trouxe benefícios – geração de empregos e renda para os moradores da região –, mas alerta para os riscos diários.
“Há cerca de três anos, meu irmão quase morreu em um acidente. Ele tentava fazer a travessia quando foi atingido por um carro que fazia um retorno proibido. Todo dia há uma ocorrência nessa rodovia”.
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