Em números globais, os registros de roubos de celulares nas ruas de Belo Horizonte tiveram queda de quase 10% no comparativo de janeiro a setembro deste ano com o mesmo período de 2016.
Ainda assim, a explosão de ocorrências em alguns pontos na área central da cidade impressiona. Na rua Araguari, no Barro Preto, por exemplo, o aumento foi de nada menos que 411%, saltando de nove para 46 roubos na mesma base de comparação.
Na rua dos Caetés, no Centro, foram nove celulares roubados entre janeiro e setembro de 2016 contra 33 em igual período deste ano. Crescimento de 267%. Para especialistas em segurança pública, o cenário está ligado ao excesso de alvos e às brechas na vigilância.
João Victor Belchior
“É o que chamamos de crime de oportunidade. Os celulares geralmente são valiosos, pequenos e fáceis de transportar. São características que o tornam um alvo desejado pelos infratores”, explica Bráulio Silva, membro do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da UFMG.
“O indivíduo chegou armado e, além do meu celular, levou as bolsas de várias mulheres que esperavam pelo ônibus”
João Victor Belchior
Estudante de Ciências Contábeis
Para ele, a proliferação do crime pelas ruas da capital está ligada à concentração do fluxo de pessoas em pontos específicos. “Os locais onde há muita gente e baixa vigilância se tornam ideais para a atuação do criminoso”, avalia.
Para o advogado e membro do Instituto de Ciências Penais (ICP), Guilherme de Carvalho, a rentabilidade e o baixo risco envolvidos no roubo desses aparelhos também motivam os criminosos.
“É diferente do roubo de um carro, por exemplo, que envolve um risco muito maior para quem o pratica”, analisa.
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De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial de Belo Horizonte (SMSEG), a Guarda Municipal tem colocado como prioridade o combate ao furto e roubo de celulares.
Por nota, o órgão informou que as operações Viagem Segura, com agentes atuando dentro dos ônibus, e Sentinela, com patrulhamento em horários de pico no Centro da capital, são as duas principais ações em andamento para coibir esse tipo de crime.
Ingrid Rosenberg
Responsável pelo policiamento nas proximidades do Shopping Estação, o tenente da Polícia Militar Max Xavier Martins explica que o patrulhamento tem sido feito no local, apesar das ocorrências. “Há um número de roubos que é compatível com o volume de pessoas que passam por ali”, avalia.
“Percebemos que tem muita gente acionando o seguro. Aqui nos arredores acontecem roubos todos os dias. É algo constante”
Ingrid Rosenberg
Funcionária de uma loja de celulares no Shopping Estação
Já o major Ricardo Almeida, comandante do policiamento na rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova, explica que a região tem uma população flutuante de 300 mil pessoas, o que contribui para a atração da criminalidade.
“É como se aqui fosse uma grande cidade, com gente vindo de vários municípios vizinhos. A nossa companhia é a que mais registra roubos em todo Estado. E nos assaltos ao transeunte, o objeto mais visado é o celular”, garante o militar.