Samarco apresenta balanço da recuperação de danos causados pela lama de Fundão

José Antônio Bicalho
jleite@hojeemdia.com.br
05/04/2016 às 20:14.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:48
 (Leo Drumond/Samarco/Divulgação)

(Leo Drumond/Samarco/Divulgação)

As sirenes foram, enfim, instaladas e testadas com sucesso. A mineradora Samarco não contava com os alarmes sonoros – simples, baratos e eficiente – quando houve o rompimento da barragem do Fundão, em novembro do ano passado, que arrasou três distritos de Mariana.

Governo repassa R$ 2 milhões para cidades afetadas por rompimento de barragem

Dos 19 mortos, ao menos cinco, moradores de Bento Rodrigues, poderiam ter sido salvos. Quanto às outras 14 vítimas, que trabalhavam sobre a barragem, não se sabe se teriam tempo de fugir se avisados do rompimento pelas sirenes.

Nesta terça-feira (5), dia em que o acidente de Mariana completou cinco meses, o novo presidente da Samarco, Roberto de Carvalho, apresentou um balanço dos trabalhos de recuperação dos distritos de Mariana e da bacia do Rio Doce, atingidos pelo vazamento da barragem.

Carvalho é funcionário de carreira da mineradora e substituiu Ricardo Vescovi, que dirigia a empresa na época e pediu afastamento do cargo para cuidar de sua defesa nos processos na esfera civil e criminal aos quais responde.

De acordo com Carvalho, a Samarco fez um teste de alerta de sirenes e evacuação, monitorado por funcionários, envolvendo as 1.327 pessoas que ainda residem nas áreas que podem ser impactadas por um novo rompimento. A empresa ainda mantém em sua área de trabalho uma segunda barragem de rejeitos, a de Santarém. O teste teria sido bem sucedido e um segundo, não monitorado, estaria sendo planejado.

Vazamento

Carvalho, ao contrário do que afirma o Ministério Público (MP) e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad), negou que ainda exista vazamento de rejeitos da barragem do Fundão. A empresa construiu três diques de contenção, está alteando um deles, chamado de S3, e construindo um quarto. O objetivo é conter que os sedimentos continuem a ser carreados pelos riachos Carmo e Gualaxo para o rio Doce.

Na última segunda-feira (4), o MP entrou com ação civil pública pedindo que a Justiça obrigue a Samarco a conter em cinco dias a lama que estaria vazando dos diques que, segundo os promotores, “foram construídos de forma precária, sem observância das normas técnicas pertinentes, sem capacidade de retenção e filtragem necessárias”. Carvalho afirmou que os diques estão retendo os rejeitos de “forma satisfatória” e que poderá apresentar à Justiça a comprovação técnica de resultados, se solicitado.

Novo distrito

O presidente da Samarco disse que está programada para o final deste mês assembleia com os antigos moradores de Bento Rodrigues para a aprovação da área na qual o distrito será reconstruído. Três áreas serão oferecidas.

Carvalho apresentou os dados de recuperação do meio ambiente, de apoio às famílias desabrigadas, aos produtores rurais, pescadores e profissionais atingidos, de reconstrução de pontes, estradas, residências, equipamentos urbanos e de limpeza dos distritos. Ele trabalha com a expectativa de que a Samarco volte a operar em Mariana no último trimestre deste ano, mas lembrou que para isso depende das licenças ambientais, cassadas pela Semad e pelo Ibama.

Quando voltar a operar, disse, usará cavas de minas inoperantes para a deposição de rejeitos. Essas cavas teriam capacidade para acumular rejeitos durante dois ou três anos.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por