Saneamento é falho em um quinto das moradias mineiras

Izabela Ventura - Hoje em Dia
Publicado em 25/11/2013 às 07:45.Atualizado em 20/11/2021 às 14:21.

Em Minas, uma em cada cinco residências não tem sistema eficiente de esgotamento sanitário, contando com, no máximo, fossa rudimentar. A negligência do poder público em relação ao saneamento básico, em pleno século 21, preocupa especialistas: abastecimento de água e coleta de esgoto inexistentes ou precários são responsáveis anualmente pela morte de 1,5 milhão de crianças com menos de 5 anos no mundo, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

De acordo com o Censo 2010 do IBGE, 1,25% dos domicílios mineiros não têm qualquer tipo de esgotamento.

Parece pouco, mas não é. Presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos defende que o atendimento seja realmente universal. Mas, no país, diz, muitos gestores se acomodam ao atingir 95% de captação de esgoto. Campeã do ranking nacional de saneamento feito junto às cem maiores cidades, Uberlândia (Triângulo), por exemplo, tem 97% de cobertura. 

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que a coleta sanitária em território brasileiro varia de 76% a 90%, enquanto na América do Norte e na Europa predominam índices entre 91 e 100%. Só não estamos piores do que a maioria dos países africanos e asiáticos, além do Peru e da Bolívia.

Males

O descaso atinge o organismo. No Brasil, quase 40% das internações hospitalares são por diarreia, consequência direta da falta de saneamento. A informação é do estudo “Esgotamento sanitário inadequado e impactos na saúde da população”, do Instituto Trata Brasil.

Ter acesso a água de qualidade e coleta e tratamento de esgoto pode afastar doenças como cólera, giardíase e febre tifoide, que causam sofrimento à população e sobrecarregam o sistema de saúde.

Segundo o médico sanitarista João Carlos Dias, também pesquisador da Fiocruz Minas, as crianças são mais vulneráveis porque não estão imunologicamente preparadas para enfrentar bactérias presentes na água contaminada. 

“Governantes de países mais desenvolvidos sabem que investir em saneamento reduz a mortalidade infantil em larga escala”, diz. Além disso, um sistema de saneamento básico eficiente melhora a saúde bucal devido ao cloro e ao flúor.

“Evoluímos muito nos últimos anos, mas ainda há bolsões de pobreza e exclusão no Brasil. Mesmo em municípios com 99% de coleta de esgoto, muitas famílias sofrem com condições precárias de saúde”. 

Adriana Pereira dos Santos, de 28 anos, faz parte de uma delas. Moradora da rua Capuchinhos, no bairro Rosaneves, em Ribeirão das Neves (Grande BH), ela conta que os filhos de 7, 8 e 12 anos têm diarreias frequentes. No corpo de um deles apareceram manchas. “O médico disse que pode ser por causa do esgoto que passa em frente à minha casa”, conta.

Investimento de R$ 600 milhões

A Copasa informou que investe, por ano, R$ 600 milhões para ampliar e implantar o sistema de esgotamento sanitário em Minas. 

A companhia atua em 24 municípios da RMBH. Em 15 deles ela coleta, transporta, faz a manutenção de rede e trata o esgoto coletado. 

Dentre eles estão a capital, Betim, Contagem e Neves. Hoje, há 35 ETEs em operação na RMBH. Outras 15 devem ser instaladas até 2016.

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