Segundo IBGE, destino de 380 mil pessoas da região metropolitana é a capital

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
26/03/2015 às 07:10.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:23
 (FREDERICO HAIKAL)

(FREDERICO HAIKAL)

Belo Horizonte vive um “movimento migratório” permanente. Cerca de 380 mil pessoas, número quase equivalente à população de Betim, partem, cotidianamente, de cidades da região metropolitana rumo à capital para estudar ou trabalhar. No caminho inverso, são quase 70 mil belo-horizontinos que elegeram algum município vizinho para as mesmas finalidades.

Ao todo, os dois fluxos de deslocamento somam quase meio milhão de pessoas, que fazem do município de origem uma cidade dormitório. São moradores que constituem os chamados arranjos populacionais, grupamentos de duas ou mais cidades com integração entre suas populações, em razão de vínculo empregatício ou dos estudos.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisou esse comportamento da população em várias regiões do país, com o intuito de fornecer subsídios para a elaboração de políticas públicas, assim como estimular parcerias entre os municípios envolvidos.

O estudo “Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil”, que considerou dados de 2010, foi divulgado na última quarta-feira (25).

No Estado

Dos 294 arranjos brasileiros, 37 estão em Minas Gerais, sendo o “Belo Horizonte/MG” o único classificado como de grande concentração urbana no estado, por englobar mais de 750 mil habitantes nesse movimento pendular. Entre 23 municípios – incluindo a capital – o número de deslocamentos, a trabalho ou estudo, ultrapassa 1 milhão.

Entre os municípios do arranjo que mais “emprestam” trabalhadores ou estudantes para as cidades vizinhas está Confins, a 40 quilômetros da capital. Apenas 30% de quem mora na cidade também trabalha e/ou estuda por lá.

Na capital, o percentual de população flutuante é menor. Entre os 2,4 milhões de habitantes, somente 68,8 mil seguiam para outros municípios, o que equivale a 3% da população.

Contagem é o principal destino do belo-horizontino, mas outras cidades de maior porte na RMBH também são bastante buscadas por moradores da capital, como Nova Lima e a própria Betim, que recebem, respectivamente, 6,8 mil e 13 mil pessoas.

“São cidades que formam uma imensa área urbana, muito densa e diversificada, que atraem pessoas dos municípios vizinhos. Têm centros comerciais, de serviços e indústria”, explica o demógrafo José Irineu Rigotti, professor do Departamento de Demografia da UFMG.

Nacional

Há quatro anos, mais da metade da população brasileira vivia nos chamados arranjos populacionais, o que representava 106,8 milhões de pessoas, distribuídas entre aglomerações urbanas formadas por 938 municípios.

Desse total, mais de 7 milhões se deslocavam para outros municípios. Entre as maiores concentrações estão: São Paulo (19,6 milhões de habitantes), Rio de Janeiro (11,9 milhões) e Belo Horizonte (4,7 milhões).

Um dos responsáveis pelo estudo, o pesquisador do IBGE Maurício Gonçalves e Silva reforça que o levantamento, por usar um critério único de avaliação em todo o território nacional, possibilitou uma maior noção de integração entre os municípios.

Transporte público ineficiente e caro entre municípios incentiva uso do automóvel

Morador há dez anos de Matozinhos, na Grande BH, o analista de informática Marcos Zalem, de 44 anos, engrossa a lista de quem vai à capital para trabalhar. Todos os dias, ele faz o trajeto de carro, que inclui a cidade de Confins. Mas não pensaria duas vezes se a opção pelo transporte público fosse financeiramente mais atrativa.

O dilema de Marcos é semelhante ao de milhares de mineiros que, assim como ele, moram em um local, mas estudam ou trabalham em outro. A questão da mobilidade e, com ela, do transporte coletivo, é, na avaliação do demógrafo José Irineu Rigotti, da UFMG, um dos pontos-chave quando o assunto são as “correntes migratórias”, conforme aponta o IBGE.

“A raiz de tudo está na qualidade e no preço do transporte público, que afetam, não somente a vida do indivíduo, mas o trânsito, os deslocamentos e o meio ambiente”, afirma.

Para o especialista, pesquisador do Centro de Desenvolvimento Regional da UFMG, dados como os apresentados no estudo divulgado na última quarta-feira (25) revelam a importância da adoção de políticas públicas voltadas à integração.

RMBH

A Prefeitura de Contagem informou que obras de mobilidade estão sendo implementadas para desafogar o trânsito. Já a Prefeitura de Betim explicou, em nota, que, para atender à demanda de pessoas que vão ao município, planeja medidas voltadas à mobilidade urbana. As melhorias devem abranger os principais corredores de acesso ao centro.

(Colaborou Renata Galdino)

 

 

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