Sem espaço para brincar nos prédios, crianças transformam praças em quintais

Pedro Rotterdan - Do Hoje em Dia
20/07/2012 às 08:08.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:42
 (Eugênio Moraes )

(Eugênio Moraes )

Nem o frio das manhãs de julho espantam as crianças das praças de Belo Horizonte. A maioria vive em apartamentos e, para a família, a melhor alternativa é levá-las para brincar fora de casa. Muitos pais aproveitam o escasso tempo para curtir o máximo com os filhos.

Nem pique-pega, nem esconde-esconde. O que a maioria prefere são as bolas de futebol, bicicletas e patinetes. Pablo Carvalho, de 10 anos, foi nesta quinta-feira (19) à Praça JK, no bairro Sion, na zona Sul, aproveitar a manhã de férias para brincar com os colegas. “Somos vizinhos e no nosso prédio não tem espaço para bicicleta. Então, a gente vem aqui para brincar de corridinha”, disse.

A “competição” era acompanhada pelos olhos atentos do empresário Ricardo Carvalho, de 45 anos, pai de Pablo. Ele aproveitou a manhã de folga para ficar com o filho. “Nem sempre tenho tempo livre pela manhã. Qualquer folguinha é uma desculpa para vir para a praça e ver meu menino brincando com muita saúde. Tenho um filho de 25 anos e por causa do trabalho não pude acompanhá-lo nessas brincadeiras. Estou correndo atrás de um tempo perdido”.

Para a servidora pública Marta Santana Vieira, de 38 anos, mãe do pequeno Mateus, de 1 ano e 6 meses, a praça é o melhor lugar para o filho ter contato com outras crianças da mesma idade. “Dentro de casa, ele fica manhoso e tímido. Aqui, começa a interagir e é bom aprender isso desde cedo”.

Na praça Cairo, bairro Santo Antônio, na mesma região, a dona de casa Natália Cecilia da Silva, de 38 anos, tomava conta do neto Artur e do vizinho Adrian, ambos com 2 anos. Eles não paravam de correr um minuto e Natália precisava chamar a atenção a todo momento. “Nessa idade, eles são muito elétricos, só param para dormir. Se a gente fica em casa, a situação só piora, pois começam a mexer em tudo”.

A maioria dos pais se sente segura para levar os filhos a locais abertos. “As viaturas policiais dos bairros passam a todo momento. Não vejo porque me preocupar com isso”, disse a babá Paulete Ribeiro.

Crescimento

Segundo a psicóloga e pedagoga Michelle Marques Teixeira Ornelas, a inte-ração entre as crianças é importante para o crescimento e desenvolvimento. “Ambiente aberto é importante principalmente para estimular a coordenação motora e a independência das crianças com até 2 anos”.

A especialista afirma que a presença dos pais é primordial para aumentar o vínculo familiar. “As babás não substituem os pais. Elas são importantes para levar os meninos para brincar e se desenvolver. Mas é bom que os pais estejam por perto, nem que seja nos sábados ou domingos”.

O contato com outras crianças, ressalta Michelle, é essencial para as portadoras de algum tipo de deficiência. “Seja mental ou física, elas têm que se relacionar com quem não precisa de cuidados especiais. É bom, pois todos crescem sem diferença”, disse.

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