Sem infraestrutura, turistas ficam perdidos em Ouro Preto

Letícia Alves - Hoje em Dia
08/07/2014 às 08:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:18

(Ricardo Bastos)

Um dos principais destinos no Brasil escolhidos pelos turistas é Ouro Preto. Todos os anos, milhares de pessoas visitam o local atraídas pela história da cidade – cravada em cada monumento, museu, rua estreita ou ladeira de paralelepípedo. Porém, a beldade mineira, que nesta terça-feira (8) completa 303 anos, parece ter se acomodado com a fama adquirida e deixa a desejar em estrutura para os visitantes.   Quem chega à cidade de carro, por exemplo, reclama da falta de sinalização nas estradas. Quem vai de ônibus não encontra orientação em outros idiomas na Central de Informações da rodoviária. Quando, enfim, chega ao centro histórico, o turista fica perdido, à mercê das dezenas de guias mirins, tentando se localizar por meio de mapas ou com a ajuda de moradores e comerciantes.   A Central de Informações Turísticas da prefeitura, instalada na Praça Tiradentes, tem pouca visibilidade por falta de placas indicativas. Os visitantes estrangeiros que conseguem ver a pequena placa com a letra “i” (código internacional para informações turísticas), ainda têm que contar com a sorte de encontrar funcionários bilíngues.   O estacionamento rotativo, implantado recentemente no centro histórico, com permanência máxima de uma hora, não atende às necessidades dos turistas. Afinal, gasta-se muito mais tempo para visitar igrejas e museus. Há, também, carência de banheiros públicos. Com apenas um conjunto sanitário, próximo à igreja N. Sra. Das Mercês de Cima, e banheiros abertos ao público na Casa de Gonzaga, os turistas dependem da gentileza de comerciantes que dispõem de sanitários em seus estabelecimentos.     De acordo com o historiador e presidente da Associação dos Municípios do Circuito Turístico do Ouro de Minas Gerais, Ubiraney de Figueiredo, problemas como esses acontecem porque o município, mesmo investindo na divulgação do destino, tem deixado de lado questões técnicas.   “O que eu percebo é que há uma preocupação muito grande com a promoção de Ouro Preto e questões técnicas, como sinalização e informações ao turista, estão sendo deixadas de lado”.   Pela primeira vez na cidade, a professora de história Karine Torres, de 36 anos, saiu de Petrópolis (RJ) para conhecer as cidades históricas mineiras. Usou a internet para fazer o roteiro e não se perder entre uma atração e outra. “A estrutura está deixando a desejar. Faltam aqueles quiosques com informações”, reclamou.   O desafio do casal Nélson Mojola Júnior, de 50 anos, e Luciene Tartaglia, de 53, foi conseguir chegar de carro, partindo de São Paulo. “Viemos com a ajuda do GPS, mas sempre perdia o sinal. A sinalização para Ouro Preto está muito precária. Na Rodovia Fernão Dias, até a placa indicando o caminho para a cidade está caída”, lembrou Nélson.   A francesa Adélie Thirion, de 25 anos, disse que o fato de falar também inglês e espanhol não adiantou muito, pois pouquíssimas pessoas dominam outros idiomas na cidade. Ela foi visitar amigos e só não ficou perdida porque contou com a boa vontade dos moradores. “Eles gastam tempo tentando nos ajudar. São todos muito gentis”.     O grande fluxo de veículos, inclusive pequenos caminhões, e a presença de estruturas para eventos na Praça Tiradentes, são comuns em Ouro Preto, prejudicando o cenário. Na visita da reportagem do Hoje em Dia, havia vários caminhões circulando pelo centro após as 10 horas, horário permitido apenas para veículos de até três toneladas e oito metros de comprimento.   Na praça central, a visão de um dos principais cartões postais, o Museu da Inconfidência, foi tomada pelo palco montado para o aniversário da cidade. “Chega a ficar várias semanas aí”, contou Lethícia Souza, estudante da UFOP, que trouxe a mãe e uma amiga para visitar a cidade.     Apesar das queixas dos visitantes, o secretário municipal de Turismo, Jarbas Avellar, garante que o turista está mais bem informado e recebido na cidade, desde 2013. “No Brasil, ocupamos posição de vanguarda em relação à infraestrutura”, garantiu.   Ele informou que a sinalização para os pedestres será licitada em nove meses. Quanto ao estacionamento rotativo, explicou que este “não visa atender uma pessoa que vem passar o dia na cidade, porque o espaço é restrito”. O secretário projeta um fluxo de 800 mil turistas na cidade até o fim do ano.

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