Filantrópico, centenário e instalado em um dos principais imóveis históricos de Santa Luzia, na Grande BH, o Hospital São João de Deus enfrenta grave crise financeira devido à falta de repasse de verbas. À beira do colapso, a unidade de saúde está com parte do atendimento suspenso. Funcionários estão com pagamentos atrasados.
O valor a receber, segundo o hospital, gira em torno de R$ 4,45 milhões. No vermelho, o complexo que é referência na cidade - com 99% dos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) -, não consegue oferecer todos os serviços à população.
“A cada mês piora a situação. Foi suspenso o abastecimento pela empresa de oxigênio, mas ainda tem um tanque no hospital. Estamos sem o serviço de hemodiálise e análise patológica. O atendimento eletivo está suspenso e o CTI só atende pacientes que não demandam hemodiálise. Em breve, até o serviço de lavanderia também deve ser suspenso”, afirmou a diretora do hospital, Ana Fernandes.
Segundo ela, existem valores atrasados desde outubro de 2024 por parte da prefeitura. A gestora conta que, além dos salários, os funcionários estão sem benefícios, como o vale alimentação. Médicos da unidade também estão sem receber.
A diretora afirma que, apesar da falta de repasses, o hospital teve que arcar com despesas fixas durante o período, além do pagamento de funcionários nos últimos três meses do ano passado. Ana Fernandes relata que mantém diálogo com a prefeitura, que está sob nova gestão desde 1º de janeiro, porém precisa de um cronograma detalhado sobre os próximos pagamentos.
“Eles nos contam que assumiram a administração já com dívidas e, por isso, ocorrem os atrasos. O que a gente precisa é que eles façam pelo menos o pagamento do mês e das dívidas anteriores. Temos serviços fixos e obrigatórios, todo mês vence uma parcela e temos que pagar”, disse.
O São João de Deus recorreu ao Ministério Público (MP). O órgão estadual foi procurado, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
Já a prefeitura de Santa Luzia reforçou que a crise financeira enfrentada pelo hospital se deve à gestão municipal passada. Conforme a atual administração, os atrasos são decorrentes de “dificuldades financeiras e do grande volume de dívidas deixadas pela gestão anterior”.
O Executivo disse ter encontrado um atraso de três meses no repasse de verbas e, somente neste ano, teria pago R$ 3 milhões. O contrato atual para custeio com a prefeitura prevê repasses mensais de de R$ 2,2 milhões por mês.
O Hoje em Dia tenta contato com pessoas ligadas à antiga gestão da prefeitura municipal, mas ninguém foi localizado. O espaço segue aberto para manifestações.
Por nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que não há repasses em atraso por parte do Governo de Minas. Segundo a SES, o hospital recebe por meio de um programa estadual R$ 1.272.704,45 por ano, conforme o cumprimento de indicadores e metas. O valor é repassado em três parcelas quadrimestrais. A última foi paga em fevereiro - cobrindo a parcela janeiro/abril de 2025.
O Ministério da Saúde também foi procurado, mas não houve retorno.
Leia mais: