Uma fazenda invadida por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Campanha, no Sul de Minas, foi desocupada nesta sexta-feira (6) após reunião junto ao superintendente substituto da delegacia regional do Trabalho e Emprego em Minas, Vicente Silluzio, e o gerente regional de Varginha, Mário Ângelo Vitório.
Segundo o representante do MST, Sílvio Netto, neste encontro os representantes do MTE se comprometeram a fiscalizar com mais rigor as fazendas denunciadas por trabalho escravo na região e punir os proprietários que forem flagrados mantendo trabalhadores nessas condições. Além disso, "É uma medida em caráter emergencial", disse o integrante do MST.
Por isso, as famílias que se organizaram no acampamento na fazenda Real Paraíso deixaram o local para permitir a vistoria da área por integrantes do MTE. Além disso, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Minas Gerais (Incra) teria se comprometido na última quinta-feira a iniciar um processo de desapropriação das fazendas com trabalhadores em situação análoga à escravidão.
Ainda nesta sexta-feira, as famílias vão realizar um protesto no Centro de Varginha, cidade polo do Sul de Minas, para sensibilizar a sociedade sobre a questão do trabalho escravo e da reforma agrária. "O protesto vai acontecer em frente a um hotel de propriedade do fazendeiro Paulo Lima, que está preso, e vamos pedir uma posição do Estado sobre o paradeiro do Hélio".
Paulo Alves Lima, de 59 anos, é o proprietário da fazenda Real Paraíso e foi preso há aproximadamente 15 dias por trabalho escravo e pelo sequestro do lavrador Hélio Costa de Araújo, que teria fugido da propriedade e denunciado o esquema às autoridades locais. Ele desapareceu depois de ter sido procurado em um hotel onde estava hospedado por um homem que se identificou como sendo seu ex-patrão. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal.
A assessoria de comunicação do Incra confirmou a reunião entre o MST e o chefe de gabinete do órgão em Minas, Glênio Mariano, na última quinta-feira. Ainda conforme a assessoria, na próxima semana deve ser realizada uma reunião entre o Incra e o Ministério do Trabalho para apurar quais são as propriedades palco de trabalho escravo para da início ao processo de desapropriação, como prevê a Constituição. Já a assessoria da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego foi procurada, mas até o fechamento da matéria não retornou.