Sempre on-line: Em isolamento social contra a Covid-19, muita gente mergulha no mundo virtual

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
01/05/2020 às 13:30.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:24
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Academia on-line, terapia virtual, teleaulas, reuniões por aplicativos entre colegas de trabalho e familiares viraram rotina para muita gente nestes tempos de isolamento social em razão da pandemia de Covid-19.

Há uma infinidade de pessoas no chamado home office, conectadas virtualmente às funções que costumavam executar de forma presencial. Inúmeras atividades – algumas até inimagináveis – são feitas a partir da tela do computador ou do celular. Tem telemedicina, atendimento psicológico virtual e por outras áreas profissionais e toda a sorte de aulas e cursos on-line.

Com a recomendação de que o mais acertado a se fazer neste momento é procurar ficar em casa, mantendo o distanciamento social, até a vida cultural pode ser resumida ao mundo cibernético. Basta ver a quantidade de shows virtuais, as chamadas lives, oferecida por artistas de diferentes estilos. Até visitas a museus, teleguiadas, podem ser feitas sem se levantar do sofá de casa.

Vida virtual
Tem gente, como a engenheira civil Juliana Rocha, de 32 anos, que conta estar fazendo praticamente todas as atividades on-line. Ela revela que, atualmente, passa de 12 a 14 horas diárias conectada. “Tenho trabalhado em home office, com projetos de engenharia, e as atividades que saíram da vida presencial para a vida on-line são a minha pós-graduação em Gestão de Projetos e a aula de inglês, além da academia de ginástica”.
Juliana admite que se surpreendeu com a prática das atividades virtuais, porque esperava que fosse pior do que tem sido. 
“Para ser bem sincera, elas estão dentro do que é possível. Não vou falar que é a melhor coisa. Tive uma matéria da pós-graduação em que a professora foi excelente, a gente sentiu uma perda muito pequena em relação à aula presencial. Mas depende do professor. Já a academia on-line está sendo horrível. Acho que é a minha pior atividade”, considera.

Mais surpresa 
A psicoterapeuta Vânia de Morais, pesquisadora do campo da Cognição e Linguagem, mestre em Ciências da Saúde e doutora em Linguística, também conta que o trabalho pela via virtual a surpreendeu. Ela tem atendido aos pacientes on-line, o que já fazia com alguns que se mudaram de Belo Horizonte. 

Palavra do Especialista

“É algo que eu sabia que daqui a um tempo será uma realidade mais frequente. Mas atender um paciente atrás do outro, todos os dias, on-line, eu nunca havia feito e tem sido surpreendente, porque o resultado tem sido melhor do que eu imaginava. As pessoas têm se sentido mais confortáveis do que pensei que ficariam e eu também tenho achado bom trabalhar em casa, é confortável. É claro que o atendimento presencial tem outra qualidade. Ainda é cedo para avaliar se o atendimento on-line pode substituir o presencial”, pondera Vânia de Morais. 
“Tenho visto que muitas pessoas têm passado mais tempo nas atividades on-line. Acho que é interessante, se levarmos em conta o momento que a gente está vivendo. É um recurso que a gente tem para não se desconectar das pessoas. Então, têm-se falado muito on-line com a família, com os amigos, jogado on-line, que também é uma maneira de estar em contato com o outro, as pessoas têm feito cursos, visitado espaços e atividades culturais através desse recurso, vejo isso muito positivamente.
O excesso dessas atividades virtuais, no entanto, é prejudicial. Aliás, todo excesso é prejudicial. Tenho até conversado isso com alguns pacientes, que têm passado tempo demais nas atividades on-line. É recomendado que saiam do computador, do virtual, e façam uma atividade física, que dediquem mais tempo a uma vida mais concreta, ao próprio corpo, a vivenciar as coisas presencialmente, consigo mesmos, tocar um instrumento, ler um livro no papel, falar com as pessoas que estão em casa, pensar, refletir, dormir, tomar um banho. Porque as pessoas se desconectam, não veem o tempo passar e se descuidam do próprio corpo, das relações. Isso é prejudicial, sim, é preciso um equilíbrio entre o concreto, o físico e o virtual”.

Vânia de Morais
Psicoterapeuta, mestre em Ciências da Saúde e doutora em Linguística, é pesquisadora no campo de Cognição e Linguística

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