(Fernanda Carvalho)
Dezenove dias se passaram desde que a prefeitura de BH sorteou vagas para camelôs em shoppings populares da capital. No entanto, a proposta de realocar os vendedores deve atingir apenas metade da meta. Dos 1.134 ambulantes sorteados para ocupar os espaços, apenas 503 haviam assinado o termo de interesse pela vaga até ontem. O prazo para adesão vence hoje.
Desde 1º de julho, a PBH proibiu que camelôs vendam produtos nas calçadas da cidade. Em 3 de julho, dia útil em que começou a valer a determinação, a prefeitura montou uma grande operação na região Central para impedir o trabalho dos ambulantes.
Aquela semana foi inteira de protestos, fazendo o Executivo municipal antecipar o sorteio para dois shoppings populares que aceitaram receber os camelôs: o Shopping Uai, no Centro, e O Ponto, em Venda Nova.
Após a seleção, as manifestações reduziram, mas nem todos os camelôs ficaram satisfeitos, e muitos voltaram às ruas para vender, mesmo correndo o risco de terem as mercadorias apreendidas.
Um dos ambulantes que não aceitaram a decisão da prefeitura é André Luiz Altair, um dos líderes dos camelôs. “Não iremos assinar (o acordo com a PBH para ir para o Shopping UAI), pois isso beneficia o empresário”, avalia.
Volume
Há duas semanas, os primeiros vendedores começaram a montar as bancas no Shopping Uai, localizado em frente à Rodoviária. A reportagem do Hoje em Dia esteve no local e conversou com vários deles.
Todos se mostram ainda insatisfeitos com o volume de vendas, e o valor que levam para casa no fim do dia, mas nenhum dos que foram abordados disseram ter vontade em retornar às calçadas.Fernanda Carvalho / N/A
Antônia Edna está confiante
Uma delas é a vendedora Antônia Edna, de 47 anos, sendo 22 deles como camelô. Ela comercializa óculos e precisou reduzir o valor do produto para atrair mais clientes.
“Antes vendia por R$ 20 na rua, e aqui vendo a R$ 15. Na rua, tinha lucro de R$ 150 a R$ 170 por dia, e aqui a média é de até R$ 40. Mas vou ficar aqui, tenho esperança de que vai melhorar”, afirmou.
Já Samuel de Andrade, de 24 anos, trabalhou durante quatro anos nas ruas, vendendo brinquedos, bonecos e bonés.
Desde que chegou ao Shopping Uai, há duas semanas, não vendeu nenhum produto. Mesmo assim, quer insistir e acredita que a situação vá melhorar.
O dono dos shoppings Uai e O Ponto, Elias Tergilene, afirmou que apenas os vendedores que foram sorteados para o Uai aceitaram trabalhar dentro do shopping.
Os que foram sorteados para Venda Nova estão na rua, onde a fiscalização não é tão efetiva como no Centro, de acordo com Tergilene.