Sobe para 22 o número de mortes em decorrência da chuva

Ana Clara Otoni - Do Portal HD
Publicado em 14/01/2013 às 17:52.Atualizado em 21/11/2021 às 20:37.

Subiu para 22 o número de mortes em decorrência do período chuvoso em Minas Gerais, ultrapassando o trágico balanço registrado no Estado na temporada passada – que começou em outubro de 2011 e terminou em março de 2012. Dois mecânicos de uma oficina de Lambari, no Sul de Minas, integram agora o balanço atual da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG).

Diego Ferreira Lopes, de 31 anos, e Leandro Inácio de Souza, de 23, ficaram soterrados depois que parte dos fundos da oficina onde trabalhavam desabou. O imóvel de quatro cômodos sofreu abalos e técnicos da Defesa Civil foram acionados para averiguar se há riscos de novos deslizamentos.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, uma grande quantidade de terra se soltou de um barranco e derrubou um muro de arrimo que fez com que a parede do estabelecimento viesse abaixo.

As 22 mortes registradas superaram o balanço do ano passado, quando 20 pessoas perderam suas vidas em decorrência da chuva. O tenente-coronel Fabiano Vilas Boas, secretário-executivo da Cedec-MG, lamentou o registro das mortes e chamou a atenção para a necessidade da prevenção de ocorrências desse tipo. “Infelizmente, a gente observa que a população não tem percepção de risco. Em Lambari, por exemplo, tem chovido nos últimos dias e, com isso o solo fica desgastado e aumenta o risco de deslizamentos”, afirmou.

Relembrando as mortes já registradas no período chuvoso de 2012/2013 é possível encontrar diversas ocorrências onde a imprudência das pessoas resultou em consequências fatais. Em Jaboticatubas, na Grande BH, duas crianças morreram ao serem arrastadas por uma tromba d'água, no dia 4 de dezembro. Elas estavam na carroceria de uma caminhonete, mas caíram quando o condutor tentou atravessar um córrego com o veículo. “É comum ver também que a maioria das vítimas dessas ocorrências é do interior ou não são moradoras dos locais onde ocorreu o desastre. Isso demonstra a necessidade de prevenção e de conscientização das pessoas”, afirmou.

Na temporada de chuva, seis pessoas morreram ao serem atingidas por raios e descargas elétricas. “A gente sempre faz alerta sobre os riscos de ficar em lugar descampado, muitas vezes se abrigar, por exemplo debaixo de uma árvore, é até pior do que ficar sem abrigo. Mas ainda há quem desconheça tudo isso”, disse o tenente-coronel.

“Municípios não estão alinhados com os órgãos estaduais e federais”

Um outro problema observado pelo tenente-coronel Fabiano Vilas Boas sobre os desastres naturais deve-se à falta de alinhamento entre os municípios, a Defesa Civil Estadual e os órgãos federais - Secretaria Nacional de Defesa Civil e Ministério da Integração Nacional. “Muitos municípios sequer têm Plano de Contingência (que ao ser apresentado e aprovado garante recursos aos municípios para os trabalhos de prevenção e adaptação para o período chuvoso)”, afirmou.

Dos 873 municípios de Minas, 707 possuem o decreto que cria a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil mas, segundo o tenente-coronel, as pessoas que assumem o cargo de coordenador da Defesa Civil na cidade mudam constantemente, o que gera um outro problema. “A gente já treinou mais de 8 mil agentes públicos para atuar nessas coordenadorias, mas com a mudança de prefeito e de gestão, muitos deles são trocados. Isso gera um problema enorme, pois todo o treinamento é perdido. A gente pede sempre aos prefeitos que criem um cargo efetivo nas prefeituras para que essas pessoas trabalhem de forma integrada, acompanhando as populações que vivem em área de risco e fazendo o mapeamento das regiões mais propensas a desastres”, lamentou o chefe da Cedec-MG.

2013 será diferente: segunda temporada de janeiro deverá ter chuvas ininterruptas

A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil vai começar a emitir alertas mais intensificados a partir da segunda quinzena de janeiro. Isso porque frentes frias estacionárias estão chegando ao Estado, o que significa que deve chover por mais de um dia seguido. “Não vai ser mais como essa chuva de fim de tarde, que atinge a capital. Vai ser aquela chuva que dura dois, três, quatro dias”, explicou o tenente-coronel Vilas Boas.

O problema com a chuva sequenciada é que o solo fica encharcado, os rios ainda mais caudalosos e isso aumenta o risco de desastres e acidentes. “Em 2012, tivemos esse fenômeno principalmente na Zona da Mata, mas neste ano a gente deve observar essas frentes frias estacionárias na região Central e Sul de Minas”, afirmou.

Confira a infografia abaixo, que reforça da importância da conscientização das pessoas e dá dicas de segurança sobre o período chuvoso.

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