O Lara recebeu a inscrição de 300 projetos; dos 26 vencedores, 17 são brasileiros, cinco colombianos, dois argentinos, um mexicano e um peruano
Combater a disseminação de notícias falsas na internet, economizar energia ao utilizar aplicativos nos smartphones e lançar mão da tecnologia para melhorar a segurança de dispositivos eletrônicos. Essas são ideias desenvolvidas por estudiosos da UFMG que chamaram a atenção do Google. Para incentivar o desenvolvimento dessas pesquisas, a multinacional premiou quatro projetos da universidade.
Os trabalhos foram escolhidos entre 300 inscritos para a sexta edição do Latin America Research Awards (Lara). No Brasil, foram contemplados 26 estudos de mestrandos e doutorandos que unem tecnologia à área da saúde, educação e comunicação.
Dos projetos mineiros, dois buscam combater as fake news, que ganharam ainda mais projeção neste período eleitoral. Um deles, desenvolvido pelo doutorando Júlio César Soares, com apoio do professor Fabrício Benevenuto, pretende criar um mecanismo para classificar o que é publicado na rede virtual.
“A desinformação foi evidenciada durante esse processo político, mas também tem efeitos na saúde pública quando, por exemplo, são replicadas informações falsas sobre vacinas. Nosso objetivo é facilitar para as pessoas a identificação do que é confiável”, explica Júlio César.
O outro projeto visa a moderar conteúdos on-line, criando um sistema de reputação, conforme prevê a pesquisa do mestrando Manoel Horta. “Temos analisado como idade, sexo e orientação política interferem na percepção sobre informações. Até agora, percebemos que, muitas vezes, as pessoas consideram falsas as notícias com as quais não concordam”.
Segundo Manoel, a proposta do programa é criar um mecanismo de reputação. Quanto mais um usuário compartilha notícias verdadeiras sem incitar discursos de ódio, melhor classificação de confiança ele terá no sistema.
Economia de energia
Outra pesquisa que ganhou as graças do Google foi a do mestrando Gleison Souza. A ideia consiste em uma placa que executa o sistema Android, otimizando a bateria dos smartphones. “O objetivo é reduzir o consumo de energia de aplicativos”, explica.
Já o doutorando Antônio Lemos pretende melhorar o controle de acesso a dispositivos conectados à internet. “Há casos de hackers invadindo circuito interno de residências. A evolução rápida da tecnologia muitas vezes ignorou a segurança”, disse.
Solenidade
Os pesquisadores foram premiados ontem, durante evento em Belo Horizonte. Idealizador do Latin America Research Awards, o diretor de Engenharia do Google no Brasil, Berthier Ribeiro Neto, afirma ser importante identificar talentos locais, além de possibilitar que os estudos saiam do ambiente acadêmico.
“Projetos que envolvem machine learning (inovações tecnológicas baseadas no ensino das máquinas) são importantes, pois permitem soluções em prazos muito mais curtos”.
Os vencedores foram contemplados com bolsas de estudos. Os doutorandos receberam apoio de 1,2 mil dólares por mês, cerca de R$ 4.500. Já a universidade terá 750 dólares a cada 30 dias. Para mestrandos, o valor é de 750 dólares mensais para o aluno e 675 dólares para a universidade.
(Colaborou Lucas Eduardo Soares)