Sucateadas, delegacias de plantão da Região Metropolitana de BH agonizam

Fernando Zuba - Do Hoje em Dia
Publicado em 31/12/2012 às 08:29.Atualizado em 21/11/2021 às 20:11.
 (Luiz Costa)
(Luiz Costa)

Registrar qualquer tipo de ocorrência policial à noite, durante os fins de semana ou feriados, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), é missão quase impossível. Em número reduzido e localizadas em pontos distantes, as delegacias de plantão encontram-se completamente sucateadas.

Os problemas vão desde o número insuficiente de servidores para atender à demanda, passando pela falta de equipamentos de informática e materiais de escritório, até a inadequação das edificações.

A Delegacia Regional de Santa Luzia, no bairro São Benedito, é exemplo do descaso que provoca a falência dos serviços de segurança pública do Estado. A unidade oferece plantão. Atende casos variados e distintos, como o roubo de um telefone celular ou um homicídio qualificado, mas a falta de infraestrutura compromete os trabalhos.

Os computadores são ultrapassados e as impressoras estão danificadas. Não há sequer como imprimir um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Além disso, os banheiros da delegacia encontram-se em péssimas condições. Para piorar a situação, o esgoto corre a céu aberto nos fundos da unidade e o odor é insuportável.

Cidades vizinhas

Há duas semanas, uma servidora pública da Prefeitura de Sabará se viu obrigada a comparecer à Delegacia de Santa Luzia. O sobrinho dela, uma criança de 11 anos, havia sido agredido pelo pai. O deslocamento foi necessário porque na cidade de origem da ocorrência não há delegacia de plantão. “Isso causa indignação e revolta.
 
Poderíamos ter resolvido o problema perto de onde moramos. Porém, fomos conduzidos por policiais militares até essa delegacia de Santa Luzia, pois, em Sabará, o expediente da Polícia Civil é reduzido”, reclamou a mulher, apontando outro obstáculo. “Agora, ao término do atendimento, já tarde da noite, o problema é outro. A viatura da PM que nos trouxe foi embora e dependemos do transporte público para retornar”, acrescentou.

Sobrecarregado
 
Um policial que trabalha na Delegacia de Santa Luzia, que pediu para não ser identificado por medo de represálias, revelou que a unidade opera no limite. São, em média, 35 registros de ocorrência por plantão, que recebe casos de municípios vizinhos como Sabará, Caeté, Nova União, Ravena e Jaboticatubas. “A todo instante, pessoas se aglomeram na porta da delegacia. Querem denunciar um roubo de bicicleta ou uma agressão física. Na teoria, o atendimento deveria ocorrer em minutos, mas, como a demanda é grande, demora horas”, informou o policial.

Ele acrescentou que, durante o plantão, sete servidores, sendo um delegado, um escrivão e cinco investigadores, têm que dar conta do recado. “Além da falta de equipamentos para concluir os trabalhos internos e burocráticos, os problemas são agravados pela escassez de viaturas. São apenas duas, que estão em péssimo estado de conservação”, denunciou.
 
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