Superfungo

'Temos que evitar que Candida auris atinja proporções perigosas à população', diz infectologista

Capital mineira tem quatro casos confirmados até o momento

Bernardo Haddad*
@_bezao
16/10/2024 às 09:50.
Atualizado em 16/10/2024 às 10:51

Belo Horizonte acumula quatro casos confirmados de infecção pelo superfungo Candida auris. Outras 24 pessoas são observadas no Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, onde aguardam resultado dos exames. O cenário é preocupante e coloca o alerta na população, conforme explicou o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano. 

Segundo ele, o fungo se espalha principalmente em hospitais e traz grandes problemas. "O Candida auris é difícil de ser identificado pelos exames de laboratórios disponíveis na capital. Além disso, a levedura é resistente à maioria dos fungicidas existentes. É um fungo resistente a vários tratamentos que poderiam ser muito efetivos contra outros fungos, com isso sua mortalidade se torna maior. Então é bastante preocupante, temos que fazer esforços para identificar os focos precoces desses fungos para evitar com que eles se espalhem e atinjam proporções que sejam perigosas para a população”, afirmou o infectologista.

Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e Fundação Hospitalar de Minas (Fhemig), 39 pacientes foram testados até o momento, sendo 4 confirmados, 2 negativados que permanecem internados, 9 negativados que já receberam alta e 24 que aguardam o resultado dos exames. 

 Estevão relata que a transmissão do fungo é feita de pessoa a pessoa, principalmente através das mãos. “Geralmente acomete pessoas mais debilitadas, portanto mais suscetíveis a doenças graves, imunodeprimidos, crianças muito jovens, idosos, aqueles em quimioterapia intensiva”. 

O infectologista alerta para que a população e as autoridades fiquem atentas com a higiene ambiental, onde indivíduos portadores estejam. Além disso, lavar bem as mãos é muito importante, já que são os principais meios de transmissão do fungo. 

Ainda de acordo com o infectologista, o tratamento é complicado, uma vez que o superfungo produz o que os cientistas chamam de biofilme, camada protetora que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandina, três dos principais compostos antifúngicos. Assim, os infectados devem tomar um coquetel antifúngico, com diversos medicamentos para eliminar a levedura do organismo. 

Pacientes no Hospital João XXIII

A Secretaria de Estado de Saúde informou que "o Hospital João XXIII tomou todas as medidas de controle e manejo necessárias para proteção dos demais pacientes e profissionais da unidade, como higienização das mãos, medidas de precaução de contato (uso de luvas e avental) dos casos suspeitos e testes para detecção de novos casos". 

*Estagiário, sob supervisão de Gledson Leão

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