O ex-motorista do goleiro Bruno Fernandes de Souza, Cleiton Silva Gonçalves, confirmou para o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro que ouviu da boca de Sérgio Rosa Sales a declaração de que "Eliza já era" e que o corpo dela havia sido jogado para cães. Cleiton é a primeira testemunha do julgamento sobre o desaparecimento de Eliza Samudio a ser ouvida.   Porém, ao ser perguntado pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues, que preside a sessão, o que a expressão dita por ele queria dizer, Cleiton se esquivou e garantiu que "não teve nenhum significado".    Cleiton, segundo o Ministério Público, era quem dirigia a Land Rover que trouxe Eliza Samudio do Rio de Janeiro para o sítio de Bruno, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ainda em seu depoimento, que começou às 17h10, ele disse que quando prestou o primeiro depoimento formal à Justiça e afirmou que a modelo teria sido jogada para cães, ele tinha sido "constrangido e pressionado".    Ele alegou ainda não se lembrar de tudo o que aconteceu na época do desparecimento da ex-amante de Bruno, já que se passaram dois anos do crime. Mesmo assim, Cleiton garantiu que não viu nenhuma marca de sangue no carro quando transportava a modelo para Minas Gerais.

Cleiton alegou ainda que não era amigo de Sérgio, e que o primo do goleiro teria confidenciado a morte de Eliza porque “ele era metido a ser valente”. Já sobre a criança, disse que não sabia que o menino era filho de Bruno, apenas supunha. A namorada de Cleiton chegou a tomar conta de Bruninho, por apenas uma hora, antes de entregá-lo à Geisa Leal, amiga de Dayanne, cuja irmã foi assassinada este ano.    Por fim, às 19 horas, Cleiton relatou que jamais viu Eliza Samudio pessoalmente. Passou então a ser interrogado pelo assistente de acusação José Arteiro Cavalcanti e confirmou que foi ameaçado pelos policiais durante a fase investigativa, quando ficou algemado por cerca de nove horas.   Mas o advogado do goleiro Bruno, Rui Pimenta, desqualificou o depoimento de Cleiton Silva. Segundo o defensor, a fala do ex-motorista de seu cliente não acrescentou em nada o processo e não ajuda nem a defesa nem a acusação. Ainda segundo Pimenta, Cleiton apresenta sinais de embriaguez no julgamento.“Estou ficando ao lado dele. O cheiro etílico é evidente. Ele fala que não sabe de nada e que só ouviu falar de algumas coisas”, disse.

A juíza que preside o julgamento, Marixa Fabiane, chegou a perguntar se a testemunha bebeu e se estava alcoolizada, mas Cleiton negou. "Ele está em perfeita consciência", disse a magistrada.   Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno, que teria dito a frase ouvida por Cleiton, foi assassinado em agosto deste ano, mas a Polícia Civil informou que o crime não tem ligação com o sumiço de Eliza Samudio.   Acusações   Quatro réus estão sendo julgados pelo desaparecimento e suposta morte da modelo Eliza Samudio. O goleiro Bruno Fernandes de Souza, apontado pelo Ministério Público como o mandante do crime, é acusado de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, além de ocultação de cadáver. Seu amigo e braço-direito Luiz Fernando Romão, o Macarrão, responde pelos mesmo crimes de Bruno.   Já Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro, e a amante do atleta, Fernanda Gomes de Castro são julgadas por sequestro e cárcere privado.   O julgamento, que já havia sido desmembrado pela Justiça, já que dois acusados que também respondem pelos crimes ainda não tem data para sentarem nos bancos dos réus, sofreu novo um desmembramento nesta segunda-feira. Isso porque o advogado de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como o executor do assassinato, abandonou o julgamento e deixou o caso. Com a decisão do advogado Ércio Quaresma, a juíza Marixa Fabiane Rodrigues, que preside o julgamento, deu a Bola o prazo de dez dias para que ele consiga um novo advogado.

*Com informações de Pedro Rotterdan

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