Testemunha nega agressão a primo de Bruno e é carta na manga da acusação

Alessandra Mendes e Fernando Zuba - Do Hoje em Dia
16/11/2012 às 07:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:19

(Eugênio Moraes/Arquivo Hoje em Dia)

Testemunha-chave no julgamento do goleiro Bruno Fernandes e de outros quatro réus, o primo do jogador, J.L.L.R., não vai ser ouvido no júri que começa nesta segunda-feira. A juíza Marixa Rodrigues descartou a possibilidade de o depoimento acontecer por meio de videoconferência, como solicitou a promotoria.

Um dos motivos, segundo explicou Marixa, é que o primo de Bruno está em outro Estado, inscrito no serviço de proteção a testemunha, e não haveria tempo hábil para garantir a realização de uma teleconferência idônea.

Mas a promotoria prepara um plano B. Ciente de que a defesa do jogador vai alegar que J., à época com 17 anos, teria sido coagido e ameaçado por policiais para contar o que aconteceu, o Ministério Público ouviu outra testemunha, que diz o contrário.

As declarações de Renata Garcia da Costa, às quais o Hoje em Dia teve acesso, estão anexadas ao processo. A então analista técnico-jurídico e funcionária efetiva do Centro Socioeducativo São Benedito, onde J. estava acautelado em 2010, afirma que a oitiva ocorreu de forma idônea, sem coação ou pressão sobre o adolescente.

DIVERGÊNCIAS

Renata vive hoje em Tangará da Serra (MT) e, por isso, ainda não teve confirmada a presença no júri. Ela foi arrolada como testemunha de acusação para contrapor a tese da defesa de Bruno de que J. mudou o depoimento porque passou a ser assistido por um advogado e não mais pressionado pela polícia.

Até entre os defensores há divergências com relação ao motivo de o primo de Bruno resolver mudar o que havia dito em duas oportunidades, no Rio de Janeiro e em Minas.

“Descarto a hipótese de tortura porque sei que o trabalho dos policiais que conduziram o caso é sério, mas ele (J.) não estava normal. Deveria estar drogado ou coisa do tipo”, afirma Rui Pimenta, advogado do goleiro.

CARA LIMPA

Mas a possibilidade também é descartada por Renata Costa. Ela alega, no depoimento, que “teve notícias de um procedimento que ele (J.) teve no Rio de Janeiro por envolvimento com entorpecentes, mas naquele momento (em que era ouvido pela polícia) não tinha nada em relação a medicação nem a entorpecentes”.

INDISPENSÁVEL

Todo o alvoroço em torno da veracidade ou não dos fatos narrados por J. tem motivo. Ele é a única testemunha que chegou a narrar os acontecimentos, admitindo a existência do sequestro, cárcere privado, assassinato e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, ex-amante de Bruno. Para a defesa do jogador, é importante que J. compareça ao tribunal para corroborar o último depoimento, quando disse que tinha inventado tudo após coação dos policiais.

A promotoria quer que ele explique como, por quem e quando foi pressionado a falar, usando o depoimento da analista técnico-jurídico como arma.

Hoje, J. encontra-se isolado e carrega o peso de ser decisivo no processo que pode condenar ou garantir a liberdade ao primo e aos demais réus acusados da morte de Eliza Samudio.

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