O desastre que deixou sete torcedores do Corinthians mortos e 27 feridos após um ônibus capotar, nesse domingo (20), na Grande BH, mostra, mais uma vez, a urgência para a necessidade de se ampliar a fiscalização do transporte coletivo no Brasil. A tragédia e tantas outras poderiam ser evitadas com o reforço nas operações para barrar veículos irregulares. A avaliação é da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra).

O coletivo que bateu em um barranco – após suposta falha mecânica – estava irregular. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o veículo não tinha registro nem autorização para realizar o transporte interestadual de passageiros. O ônibus seguia para São Paulo após uma partida de futebol contra o Cruzeiro, em Belo Horizonte.

“Essas fiscalizações são imprescindíveis para garantir que esses veículos circulem com as mínimas condições de segurança. Nessas ações é possível verificar se a manutenção está em dia, se os pneus não estão carecas e as condições de conservação, que podem ser decisivas para causar um sinistro de trânsito. Estamos, portanto, diante de mais uma tragédia que poderia ter sido evitada”, afirma o diretor científico da Ammetra, Alysson Coimbra.

O especialista em segurança viária explica que, ao contratar um serviço de transporte, é preciso verificar se o veículo está devidamente registrado na ANTT. O critério não pode ser apenas o valor do serviço, que é uma economia e pode custar a vida.

“Quando se usa um transporte clandestino, o usuário não tem a segurança de que o motorista está apto a dirigir, descansado ou que o veículo está com a manutenção em dia. Além disso, empresas clandestinas operam sem seguro. Em caso de acidentes, os passageiros estarão entregues à própria sorte, sem o suporte necessário. Por isso é imprescindível que as pessoas escolham sempre empresas regularizadas”, observa Coimbra.

O diretor científico da Ammetra reforça que empresas são obrigadas a seguir todas as normas de segurança da legislação. "Antes de embarcar, observe a conservação dos pneus e verifique se o veículo tem o selo da ANTT e a identificação da empresa. O selo é uma garantia pois a agência adota critérios de segurança e monitoramento para autorizar as viagens".

 A reportagem procurou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e aguarda retornos.

Acidente

O acidente aconteceu pouco antes das 3h, na BR-381, na altura do Km 520, próximo à Serra de Igarapé. Segundo relato de testemunhas aos Bombeiros, o motorista disse que o ônibus perdeu os freios. As causas do desastre ainda serão investidas pela Polícia Civil.

Clubes de futebol, autoridades e de torcedores de todos os cantos do país lamentaram a tragédia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou nota de pesar nas redes sociais e cobrou a apuração das causas do acidente.

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