Integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) de Minas e do Espírito Santo entregaram, nesta quarta-feira (7), carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitando que o Governo Federal rejeite a proposta das mineradoras Vale, Samarco e BHP na repactuação da tragédia ocorrida em Mariana em 2015.
O grupo fez uma série de protestos em Brasília para exigir a participação popular nas negociações pelo rompimento da barragem de Fundão, que matou 19 pessoas e deixou um rastro de destruição nos dois estados.
Na terça-feira (6), Samarco, Vale e BHP Billiton foram condenadas pela Justiça Federal por violações envolvendo uma campanha publicitária sobre as medidas reparatórias da tragédia ocorrida na bacia do Rio Doce.
A condenação também atinge a Fundação Renova, entidade que foi criada para gerir todas ações de reparação de danos. Juntas elas deverão pagar R$ 56 milhões por danos materiais e morais. Ainda cabe recurso.
Nesta quarta, em Brasília, o MAB promoveu um ato pela manhã em frente à sede do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O grupo denuncia uma intervenção da mineradora BHP para mover uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra os municípios que buscam indenizações por meio da justiça inglesa. Segundo o MAB, essa tentativa de intervenção representa um ataque ao direito dos atingidos de obter justiça.
À tarde, governos e mineradoras se reuniram para discutir a repactuação do crime socioambiental em Mariana, em um hotel de luxo na capital federal. Com cartazes, bandeiras e faixas, o MAB reivindicou que suas vozes fossem escutadas.
Durante o ato, o grupo responsável pela repactuação convidou alguns integrantes do movimento para falar aos presentes. Na ocasião, o MAB criticou duramente a exclusão dos atingidos das mesas de negociação e rejeitou as ofertas, consideradas por eles "baixíssimas", das empresas.
Carta ao presidente Lula
Em seguida, o grupo foi até o Palácio do Planalto para entregar uma carta ao presidente Lula. No documento, os atingidos manifestaram repúdio ao valor proposto pelas mineradoras BHP e Samarco para indenizações e reparações, considerado insuficiente pelo movimento. Além disso, o MAB solicitou uma audiência para apresentar as preocupações e propostas que visam garantir um processo inclusivo para os atingidos e a responsabilização das mineradoras.
“Exigimos que nossas vozes sejam ouvidas e que sejamos incluídos nas decisões que impactam diretamente nossas vidas e comunidades”, afirmou Thiago Alves, integrante da coordenação nacional do MAB.
O que dizem os envolvidos
Em nota, a BHP Brasil informou que "sempre esteve e segue comprometida com as ações de reparação e compensação relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão" e, como uma das acionistas da Samarco, permanece "disposta a buscar, coletivamente, soluções que garantam uma reparação justa e integral às pessoas atingidas e ao meio ambiente".
A Fundação Renova infromou que não faz parte da repactuação. O Hoje em Dia também entrou em contato com a Vale e Samarco e aguarda os retornos.