O estresse causado pelos congestionamentos diários no trânsito de Belo Horizonte gera uma série de outros problemas e custos intangíveis que vão muito além dos prejuízos materiais. São problemas de saúde de modo geral, desde dor de cabeça, desconforto, cansaço, palpitações e vertigem à diminuição dos reflexos, causados pelo monóxido de carbono, relaciona Bernadete Carvalho Gomes, coordenadora de Fiscalização da prefeitura.
Além dos problemas físicos, os congestionamentos causam uma série de outros, de ordem psíquica, dependendo da frequência com que o motorista se expõe ao trânsito, explica a psicanalista Sílvia Flores, professora da Newton Paiva. “Afeta também os instintos, inconscientemente, levando a pessoa a ter ataques psicóticos”.
Segundo a psicanalista, o estresse do trânsito afeta as pessoas de muitas maneiras. Dependendo do caso, o indivíduo perde o controle, xinga e até persegue alguém por falhas mínimas, quando não pratica algo pior, estando armada. Isso acontece com mais frequência com os homens, segundo ela, devido à testosterona.
Para Sílvia Flores, esse tipo de comportamento leva as pessoas a um grau de periculosidade real, porque não conseguem administrar bem “o sucesso ou o fracasso”. Nesse estágio de estresse, quanto mais cresce a raiva por estar no congestionamento, pior as pessoas ficam. “Sentem-se como uma formiga esmagada, sem capacidade para dominar a situação. Passam, então, a agredir os outros e a si”.
Som alto
Os estressados do trânsito se sentem “atropelados pela rapidez da vida e passam a atropelar os outros. O carro vira uma arma”. É quando essas pessoas passam a sofrer surtos psicóticos, fecham-se dentro dos carros e ouvem música alta. Só assim, afirma a psicanalista, essas pessoas se sentem bem, de fato, e isso explica o egocentrismo, à medida que se distanciam dos outros.