Estopim da confusão entre guardas municipais e policiais militares, o transporte clandestino de passageiros continua sendo ofertado livremente em Belo Horizonte. Passagens para o interior de Minas são vendidas em frente à rodoviária, aos berros, sem o menor constrangimento. Os preços mais baratos em relação ao serviço legalizado atraem muita gente.
Existem também escritórios de empresas de ônibus de turismo, mas que oferecem viagens regulares clandestinas, principalmente para as regiões Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. O problema foi mostrado pela reportagem do Hoje em Dia há dois anos, quando o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) prometeu intensificar as fiscalizações.
Porém, a oferta ainda é vasta. No edifício JK, na rua dos Guajajaras, no Barro Preto, a CVA Turismo oferece o serviço clandestino. A empresa foi denunciada em 2012 pela reportagem do Hoje em Dia e acabou fechada em dezembro do mesmo ano pelo DER-MG. Hoje, comercializa viagens, classificadas pelos próprios funcionários, como “transporte alternativo”, no escritório do Terminal JK. Não há placa e nem emissão de bilhetes. É feita a reserva da poltrona e o pagamento na hora do embarque.
A reportagem foi ao local e encontrou a oferta de passagens para Almenara (Vale do Jequitinhonha) a R$ 120, enquanto que a viagem partindo da rodoviária sai a R$ 170. Questionado sobre a possibilidade de a viagem ser interrompida pela fiscalização, um funcionário da CVA disse que o custo-benefício vale o risco. “Perigo sempre tem, mas pega a multa e vai embora”.
No térreo do mesmo prédio no JK, há várias outras agências de turismo que ofertam passagens para o interior de Minas.
Mudança
A garagem da empresa, que antes da interdição funcionava na avenida Antônio Carlos, 719, no bairro Lagoinha, região Noroeste de BH, agora está localizada na rua Flor de Trigo, 45, no Jardim Filadélfia (Noroeste). Anexa à garagem, há uma casa que funciona como sede administrativa. Há várias câmeras de monitoramento. Na garagem, há também veículos da empresa Alvorada Turismo. A reportagem entrou em contato com a CVA Turismo e com a Alvorada, mas ninguém foi localizado para falar sobre o assunto.
Sete Lagoas
Várias viagens saem direto do entorno da rodoviária, em vans e carros particulares, para destinos como Governador Valadares (Vale do Rio Doce) e Ouro Preto (Central). Quem vende as passagens comemora. “A gente tem saídas o dia todo, até 10 horas da noite, para Valadares”, diz um homem que se identificou como Alan do Táxi.
Outro vendedor, identificado como Claudiomiro, vende passagem para Ouro Preto a R$ 30, em uma minivan.
Ouça o áudio de pessoas oferecendo transporte coletivo em frente à rodoviária:
Repórter se passa por passageira e negocia passagem:
Equipe do Hoje em Dia entra em garagem e tenta encomendar envio de freezer: