Tratamento de pessoas com sequela da Covid salta 4 vezes em BH e pode crescer ainda mais com Ômicron

Luiz Augusto Barros
@luizaugbarros
Publicado em 19/02/2022 às 06:00.
Roberto teve 50% dos pulmões comprometidos, além da perda de parte dos movimentos da perna e braço; hoje faz novo tratamento (Lucas Prates)

Roberto teve 50% dos pulmões comprometidos, além da perda de parte dos movimentos da perna e braço; hoje faz novo tratamento (Lucas Prates)

O número de pacientes com sequelas do coronavírus que precisou de tratamento em centros de reabilitação (Creabs) de Belo Horizonte subiu quase quatro vezes em 2021. A maioria não estava vacinada ou com o esquema incompleto. Com a alta de casos causada pela variante Ômicron nas últimas semanas, há o temor de que ainda mais pessoas precisem de acompanhamento pós-Covid.

De julho a dezembro de 2020, foram 28 atendimentos realizados nos Creabs. No mesmo período do ano passado foram 110, aumento de 292%. Ao longo de toda a pandemia, foram atendidos 313 usuários na rede ambulatorial da capital para retirada do balão de oxigênio e fortalecimento muscular, além de treino para locomoção, ficar de pé, equilíbrio e marcha.

Segundo o infectologista Carlos Starling, membro do Comitê de Enfrentamento à Covid de BH, o crescimento no atendimento após a infecção ocorreu com a circulação das outras mutações do vírus, e desta vez não é diferente. “O fato das pessoas desenvolverem formas mais brandas não significa que essa variante não gere quadros graves”, avaliou.

De acordo com o especialista, a cepa pode provocar casos da chamada Covid longa, quando os sintomas permanecem mesmo após um período maior. Em crianças, a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), condição de saúde rara ligada ao vírus, também pode ocorrer.

A solução é tomar todas as doses contra o coronavírus. Conforme o médico, a maioria dos pacientes que demanda reabilitação não está imunizada ou sequer voltou as postos de saúde para concluir o esquema. “A vacinação completa evita essas formas complicadas da Covid. É importantíssima”.

Em recuperação
De férias, o porteiro Roberto Gonçalves da Cunha estava se preparando para ir à praia, em Vitória, quando testou positivo para a doença. Ele conta que tinha sintomas de gripe e procurou atendimento médico. Foi quando descobriu que estava com 50% dos pulmões comprometidos e com a capacidade dos rins em 30%.

Ele tomou a primeira dose da Janssen, mas não recebeu o reforço, já que ainda está hospitalizado. “Me internaram e entubaram para eu não morrer. Fiquei 12 dias entubado e 16 no CTI. Em 1º de janeiro, fui liberado para o quarto”, disse.

A partir daí, iniciou o tratamento de uma lesão causada pelo tempo deitado e para recuperar os movimentos da perna e braço esquerdo. 

Depois de 15 dias, conseguiu vaga na Clínica de Transição Paulo de Tarso, instituição voltada para pessoas que estiveram internadas e precisam de cuidados essenciais, mas não demandam intervenções de alta complexidade e terapia intensiva. 

Há quase um mês na fisioterapia, Roberto garante ter evoluído, mas ainda precisa tratar da lesão antes de voltar para casa, seu maior desejo. “Quero recomeçar minha vida, seguir, porque Deus me deu outra oportunidade. Voltar para a minha vida normal, cuidar da minha esposa, filhos e netos”.

Em BH, a Clínica de Transição Paulo de Tarso recebe pacientes encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e saúde suplementar. O hospital atendeu cerca de 120 pessoas para reabilitação pós-Covid.

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por