Tarifas de 25%

Tributação de aço por Trump pode gerar perda superior a R$ 800 milhões para Minas

Tarifas de 25% entram em vigor a partir desta quarta-feira (12)

Bernardo Haddad
@_bezao
Publicado em 12/03/2025 às 08:45.Atualizado em 12/03/2025 às 12:10.

A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de 25% sobre a importação de produtos de ferro e aço pode gerar um rombo de mais de R$ 800 milhões para Minas Gerais. As taxas entram em vigor a partir desta quarta-feira (12). 

De acordo com uma pesquisa da Fundação João Pinheiro (FJP), as tarifas podem impactar na queda do Valor Adicionado (VA) - riqueza criada pelo exportador - nas exportações do setor siderúrgico de Minas. Três cenários de queda foram explorados: 5%, 10% e 15%. 

Caso a queda nas exportações mineiras seja de 5%, a economia mineira pode ser impactada em cerca R$ 279,62 milhões. Uma possível queda de 10%, pode refletir em uma redução de R$ 559,23 milhões. O pior cenário é o de 15%, em que a perda de receita pode chegar a R$ 838.85 milhões para o Estado. 

Conforme a Fundação João Pinheiro, os números são estimativas preliminares, mas servem como um alerta para o potencial impacto considerando que Minas Gerais é um grande exportador de ferro e aço. “Qualquer redução nas vendas para os EUA pode ter um efeito cascata em toda a economia do estado”, diz trecho da pesquisa. 

Em 2019, o VA do setor siderúrgico mineiro foi de R$ 41,2 bilhões, representando 2,3% do VA total do estado. No mesmo ano, as exportações do setor atingiram R$ 16,7 bilhões, equivalentes a 31,7% da demanda total. As exportações de ferro para os EUA em 2024 corresponderam a 30,2% do total exportado para outros países. 

Variação dos impactos

A Fundação João Pinheiro ressalta que os resultados apresentados são estimativas preliminares e que o impacto real das tarifas americanas pode variar. 

Conforme o pesquisador Lúcio Otávio Seixas, apesar das tarifas, as exportações do setor siderúrgico de Minas podem não sofrer quedas. Ele afirma que outros países ou até Estados do Brasil podem assumir a importação de ferro e aço no lugar dos Estados Unidos e reduzir o impacto da redução da exportação para a América do Norte. 

“Estamos assumindo que terá uma queda de exportações, mas podemos começar a exportar para outros países ou Estados do Brasil. Não dá para afirmar que terá uma queda. É possível que exista um redirecionamento da exportação também”, disse o pesquisador em entrevista à Itatiaia. 

O Instituto Aço Brasil, por meio de nota, afirmou que "recebeu com surpresa" a decisão do governo dos Estados Unidos. A corporação acredita em um diálogo entre o governo federal e Donald Trump para voltar atrás na decisão.

"O Instituto Aço Brasil e empresas associadas estão confiantes na abertura de diálogo entre os governos dos dois países, de forma a restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases acordadas em 2018, em razão da parceria ao longo de muitos anos e por entender que a taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes", diz trecho da nota. 

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que representa as indústrias brasileiras como um todo, informou que continua buscando diálogo para reverter a decisão. A confederação destaca que os EUA são o destino de 54% das exportações de ferro e aço brasileiros, sendo o quarto maior fornecedor desses produtos para os estadunidenses.

Para a CNI, a decisão de taxar o aço é ruim tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos. A confederação informou que segue trabalhando para fortalecer as relações entre os dois países e que acredita em alternativas consensuais para preservar esse relacionamento comercial.

A reportagem também procurou a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e aguarda retorno.

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