Cadê eles?

Um dia faz frio, no outro esquenta: oscilação da temperatura atrasa floração de ipês em BH

Ondas de calor que marcaram os primeiros meses do ano podem explicar as poucas copas roxas e rosas pela capital

Do HOJE EM DIA
portal@hojeemdia.com.br
21/06/2024 às 15:22.
Atualizado em 21/06/2024 às 18:19
Ipês na Praça da Liberdade: foto da esquerda foi tirada nesta sexta (21), a da direita no ano passado (Valéria Marques / Hoje em Dia)

Ipês na Praça da Liberdade: foto da esquerda foi tirada nesta sexta (21), a da direita no ano passado (Valéria Marques / Hoje em Dia)

É no mês de junho que eles costumam começar a colorir as ruas de Belo Horizonte. Mas quem é fã dos ipês, conhecida como a árvore-símbolo da capital, já deve ter notado que a floração deste ano está "atrasada". Poucos deram "o ar da graça" pelas ruas da cidade. E ainda estão com poucas flores. A explicação está no tempo. Ou melhor, na temperatura.

As ondas de calor que marcaram os primeiros meses do ano podem explicar as poucas copas roxas e rosas, geralmente as primeiras a desabrochar. A variação nos termômetros acabou retardando o início do florescimento, conforme explica Dany Amaral, diretor de Gestão Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

"No caso do Ipê, uma alteração do aumento da temperatura ou uma alteração desse regime, às vezes, adiando ou atrasando o início do período de frio, pode impactar esse processo de floração. Então, esse despertar hormonal que existe dentro da planta atrasa e vai atrasar, também, o florescimento", explica.

Temperaturas amenas e bom nível de umidade relativa do ar, ao contrário, costumas fazer as copas coloridas tomarem a paisagem. Os ipês roxos e os rosas são os primeiros a florescer (de junho a agosto), seguidos dos amarelos (agosto e setembro) e, por fim, dos brancos (setembro e outubro).

Mas vale ressaltar que nem sempre a florada dos ipês segue exatamente o calendário, visto que a influência do clima é determinante para que essas árvores entrem em período de reprodução.

"É uma questão interessante a ser vista. Na verdade, a floração das árvores depende de vários aspectos relacionados com o comprimento dos dias, com as temperaturas e, também, com as restrições hídricas de algumas épocas do ano, que vão despertar alguns hormônios diferenciais nas plantas", destaca Dany Amaral.

Ainda de acordo com o diretor de Gestão Ambiental da Secretaria Municiál de Meio Ambiente de BH, não é possível afirmar qual das espécies de ipês sofre mais por conta do calor.

"O que vai determinar um pouco um desgaste da planta talvez seja a idade dela. Quanto mais jovem ou, talvez, a espécie mais velha. Uma árvore com desenvolvimento ao longos dos anos vai sofrer mais com esses estresses hídricos e, também, com as ondas de calor, podendo causar algum problema de mortalidade das árvores", observa.

Ipês e o aquecimento global

O aumento anormal da temperatura média do planeta Terra, conhecido como aquecimento global, tem afetado o desenvolvimento das árvores. Os choques de temperatura, de disponibilidade de água e de nutrientes alteram o comportamento da vegetação. E ao fazerem mais trocas gasosas, as plantas acabam envelhecendo mais rapidamente. 

No entanto, não há relação entre o aquecimento global e uma possível tendência de diminuição no número de ipês floridos pela cidade. Pelo menos por enquanto. Segundo o gestor da pasta de Meio Ambiente da PBH, não há estudos que relacionem aspectos ligados à floração e a elevação das temperaturas em nível global.

Dany Amaral explica que a floração é um processo de reprodução da árvore. Mesmo atrasando o início da fase, o tempo seco e as altas temperaturas não impedem que aconteça.

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