Nos próximos dias milhares de fiéis católicos vão participar de ritos que relembram Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Para tudo dar certo na celebração da Semana Santa, iniciada no último domingo, é preciso o esforço de um exército de voluntários. Nas igrejas, pessoas anônimas assumem as mais variadas funções, como a limpeza das imagens e a ornamentação dos templos.
A aposentada Chames Bittar, de 95 anos, é uma dessas mãos solidárias. Há 58, desde que se mudou de Uberaba, no Triângulo, para Belo Horizonte, ajuda na Igreja de São José, no centro da capital. É uma das responsáveis por guardar e cuidar dos artigos sacros como o Cristo feito de papel machê, de 1903, que fica fechado no convento e é exposto para adoração dos fiéis na Semana Santa.
“A dona Chames guarda com muito carinho as matracas, coroas e muitos outros. E todo ano separa para as celebrações”, conta o vigário paroquial da igreja, Flávio Leonardo.
“Muitas pessoas fazem sacrifícios durante a Semana Santa para se unirem ao Cristo, que ofereceu a própria vida por nós. A igreja orienta apenas o jejum e a abstinência de carne na sexta-feira da Paixão” (Flávio Leonardo, vigário paroquial da Igreja de São José
E nem precisava ele falar. O cuidado que a voluntária tem com os objetos sacros é perceptível já num primeiro olhar. A aposentada dá conta de cada risco extra que surge nas peças. “Já falei várias vezes para terem cuidado quando forem pegar a imagem”, disse ela ao ver uma pequena avaria em uma das estátuas.
O vigário explica que a ação voluntária é imprescindível para a realização de liturgias grandiosas como a da Semana Santa. Entre o último domingo e o próximo, quando será celebrada a Páscoa, deverão passar pela Igreja São José cerca de 20 mil pessoas. Para preparar o local para receber as visitas, em torno de 300 voluntários ajudam os dez funcionários da paróquia.
Se é bom para a igreja, para Chames a ajuda ao próximo é sinônimo de vida. É o que ela aponta como segredo de tanta vitalidade e saúde no auge dos 95 anos.
Vida
Por falar em vida, a Páscoa é o melhor período para que ela seja repensada. “É o momento em que nos unimos a Cristo para passar pela morte, morrendo para o pecado. A Páscoa é essa passagem”, diz padre Flávio.
Nesse ritual, a igreja pede aos fiéis confessarem os pecados como uma preparação para esse momento. Na Semana Santa, as paróquias disponibilizam padres para ouvir os devotos em diferentes horários.