Duas universidades mineiras se colocam como protagonistas na busca de um novo modelo de ensino. A Faculdade de Educação de Bom Despacho (Faceb/Unipac) e a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) integram um consórcio formado por 18 instituições de ensino superior públicas e privadas do país que vão levar os professores de volta à sala de aula para que aprendam novas formas de lecionar.

Os profissionais que vão mostrar aos brasileiros como tornar a aula mais atraente e produtiva vêm de renomadas escolas norte-americanas, como Harvard. A iniciativa, segundo o diretor acadêmico da Faceb, Gustavo Hoffmann, tem o objetivo de quebrar o modelo atual de aprendizagem, baseado no professor como centro da atenção, o detentor do conhecimento, e o aluno como uma figura passiva, apenas um receptor de conteúdo.

“A ideia é que a aprendizagem seja ativa. O professor passa a ser um moderador de discussões e problemas solucionados pelos alunos”, afirma. A proposta, já trabalhada na Faceb há alguns anos e completamente estruturada em Harvard há mais de uma década, é a de que a metodologia de ensino seja baseada no modelo da sala de aula invertida.

“O acesso ao conteúdo acontece em casa. Na sala de aula, o aluno vai solucionar problemas, discutir saídas e desenvolver a argumentação. É como se o para casa fosse feito na sala”, explica Hoffmann.

Isso, segundo ele, exige que o estudante tenha o conhecimento e saiba como aplicá-lo. Além disso, respeita o tempo de aprendizado de cada um.

Neste primeiro ano, participarão cem docentes das instituições participantes. Da Faceb serão seis profissionais, de áreas distintas, como engenharia, saúde, humanas, direito e psicologia.

As aulas serão dadas por professores de Harvard e de outras instituições norte-americanas, como MIT, Olin College e Universidade do Texas.

A primeira etapa, presencial, ocorrerá de 26 a 30 de maio, em Lorena, no interior paulista. E durante todo o segundo semestre as aulas serão a distância.

A ideia é que os docentes que fizerem o curso deixem de aplicar as aulas tradicionais, expositivas, e passem a adotar metodologias mais ativas, além de se tornarem multiplicadores do conhecimento adquirido.

“Eles chegarão no fim do ano preparados para atuar de forma diferente e para serem multiplicadores”, ressalta Hoffmann. Cada um dos seis professores da Faceb irá repassar a metodologia para outros dez, fechando o ano com 60 professores capacitados.

“Nós sabemos que a educação tem que mudar, e o agente é o professor”, afirma Hoffmann, que participa de seminários em Harvard há vários anos.

Custo de R$ 335 mil é cotizado no consórcio

Para ter os docentes formados, as instituições que integram o consórcio desembolsarão, neste ano, US$ 152 mil (R$ 335 mil). O custo total é dividido em cem cotas. A Faculdade de Bom Despacho, por exemplo, possui seis cotas, com um custo médio de US$ 1.700 por professor. Um valor que não é alto, na avaliação de Gustavo Hoffmann, da Faceb, diante do retorno conquistado. O valor é pago ao grupo ligado à Harvard, chamado Laspau.

“Os alunos hoje têm outras demandas, os empregadores têm outras demandas. Não dá para manter apenas aquele formato de aulas”, disse Fábio José Garcia dos Reis, diretor do Centro Universitário Salesiano de SP e um dos coordenadores do curso. Reis reconhece que esse primeiro grupo de professores a serem formados é pequeno, mas a ideia é que eles sejam os precursores das mudanças em suas instituições.

“É uma mudança muito grande para os professores. Não dá para abandonar as aulas tradicionais de uma vez”.

Estão previstas outras duas turmas, para 2015 e 2016.

Em 2014, participarão professores da Unisuam (RJ), Unesp, Federal de Itajubá, Uerj, ESPM, Fatec (Guaratinguetá e Cruzeiro), Faro (SP), Fatea (SP), Toledo (SP), Faceb (MG), Unisalesiano (SP), Dom Bosco (RJ), PUC-GO, Positivo (PR), Flamingo (SP), Salesiando de SP e Universidade do Extremo Sul Catarinense.

(*) Com Agência Folhapress  

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