Muitos usuários do transporte coletivo da capital enfrentarão a temporada de chuva desprotegidos. Instalados nas áreas de maior movimentação de embarque, 325 abrigos de ônibus estão danificados – maioria sem o teto –, indica levantamento da BHTrans. Apenas 80 serão reformados até o fim deste ano.

Até dezembro de 2020, a empresa espera restaurar mais cem coberturas. Ou seja, não há previsão – nem a longo prazo – para o reparo das 145 restantes. A prefeitura culpa a ação de vândalos pelos estragos que deixarão os passageiros à mercê das precipitações.

O Executivo reconhece não ter verba suficiente para realizar todas as intervenções. Em 2019, foram destinados R$ 200 mil para o serviço. Para o ano que vem, R$ 300 mil estão previstos. “Mas ainda teremos os abrigos que serão danificados ao longo dos próximos meses”, reconhece o diretor do Sistema Viário da autarquia, José Carlos Mendanha Ladeira.

Estragos

A situação é pior na área central, onde o número de abrigos é maior, segundo a BHTrans. Porém, o Hoje em Dia constatou depredações em outras regiões. Há exemplos em vias importantes, como as avenidas Nossa Senhora do Carmo (zona Sul) e Silviano Brandão (Leste) e rua Ituiutaba (Oeste).

Além de buracos no teto, foram flagradas placas informativas arrancadas, pinturas soltas e acúmulo de ferrugem. Conforme o diretor da empresa, a maioria dos danos é provocada pelo vandalismo. “Poucos são causados por batidas ou ações da natureza, como queda de árvore”, assegurou Ladeira.LUCAS PRATESAbrigos ficam em vias com grande movimentação, como a avenida Nossa Senhora do Carmo, na zona Sul de BH

Usuário do transporte público, o publicitário Philippe Piet van Putten, de 60 anos, se revolta. “É muito triste. As pessoas não respeitam o que é delas. É estupidez descontar a raiva no que não deveria. É realmente um absurdo”, lamentou, debaixo de uma cobertura parcialmente destruída.

Em meio aos estragos, o jeito é improvisar. “Com tantas coberturas furadas, a gente se protege da chuva debaixo de marquises”, conta o aposentado José Haroldo de Jesus, de 83.

Além dos tetos, o programador Gabriel Verner Oliveira Félix, de 20 anos, lista outros problemas. “Alguns abrigos não têm assentos, porque as cadeiras foram arrancadas. E muitos estão sujos”.Lucas Prates 

Gabriel reforça que, além do teto danificado, pontos estão sujos e pichados

Segurança

Responsável pelo patrulhamento preventivo em BH, a Guarda Municipal informou que faz rondas, 24 horas por dia, para inibir a ação de vândalos, inclusive nos pontos de ônibus. “O efetivo da corporação, composto por 2.039 agentes, atua, direta ou indiretamente”, diz nota enviada. O monitoramento de imagens captadas por câmeras também auxilia nos trabalhos.

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