Velocidade da lama impediu acionamento de sirene, diz Vale

Daniele Franco*
03/02/2019 às 09:18.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:22
 (Reprodução/TV )

(Reprodução/TV )

A Vale, responsável pela barragem que se rompeu no dia 25 de janeiro em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, afirmou nesse sábado (2) que a sirene que deveria alertar para o rompimento não funcionou por causa da velocidade de lama. Segundo a empresa, o alerta sonoro é acionado manualmente, mas, de acordo com informações iniciais apuradas pelas autoridades, não foi possível emitir o aviso quando a Barragem I se rompeu. Confira vídeo divulgado pela Rede Globo do momento em que a barragem se rompeu:

A empresa afirmou que o acionamento seria feito a partir de um Centro de Controle de Emergências e Comunicação, com funcionamento 24 horas por dia, que fica localizado fora da área da mina. Na nota enviada à imprensa, a Vale ainda ressalta que a barragem que se rompeu estava inativa desde 2016 e tinha declarações que atestavam sua estabilidade. "Havia inspeções quinzenais, reportadas à Agência Nacional de Mineração, sendo a última datada de 21 de dezembro de 2018. A estrutura passou também por inspeções nos dias 8 e 22 de janeiro deste ano, com registro no sistema de monitoramento da Vale".

Segundo informações do tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros, a velocidade da lama que veio do rompimento pode ter chegado a 80 km/h.

Treinamento

Ainda no comunicado, a Vale afirma que foi realizado um simulado externo de emergência no dia 16 de junho de 2018 sob a coordenação das Defesas Civis. No entanto, moradores da comunidade de Parque das Cachoeiras afirmam que nunca receberam orientações da Vale com relação a possíveis riscos da barragem instalada no município ou planos de fuga e de evacuação em caso de acidentes.

De acordo com o programador e empresário Mário Lúcio Fontes Pato, 64 anos, em nenhum momento houve instrução aos moradores do que fazer em caso de rompimento.

“Absolutamente nenhum tipo de informação. Se a sirene tocar, você corre pra lá, corre pra cá ou fica dentro de casa, por exemplo. Nem eu nem ninguém recebeu treinamento. Se existia um plano de contingência era no papel, na Vale”, destacou o morador.

Ele afirma que recebia, mensalmente, panfletos da mineradora explicando ações como a instalação de centros de saúde. Não houve, entretanto, informações ou treinamento para situações de emergência.

Mulher de Mário Lúcio, Sandra Maria da Costa, 59 anos, reforça a falta de instruções por parte da Vale. “O único alerta que tivemos foi quando, há alguns meses, eles vieram fazer medições. Nunca tivemos aviso sobre riscos”, afirmou.

*Com Agência Brasil

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